O Assassino do Calendário (2025)

O Assassino do Calendário (2025)

por Giovani Zanirati



O Assassino do Calendário (2025)
Direção: Adolfo J. Kolmeger
Roteiro: Susanne Schneider
País: Alemanha
Nota: 05/10

Baseado no romance homônimo de Sebastian Fitzek, O Assassino do Calendário é um suspense psicológico, no qual o espectador se vê em busca da identidade do criminoso, imerso nos traumas dos protagonistas. Ao abordar temas sensíveis, como a violência doméstica — uma realidade surreal para muitas mulheres — o filme busca ser uma denúncia crítica e reflexiva, como frequentemente ocorre na arte. Recentemente, sob a direção de Zoe Kravitz, Pisque Duas Vezes (2024) apresenta de forma contundente, no estilo de Corra! (2017), a banalização e naturalização dessa violência, o que cativou o público. Contudo, infelizmente, não é esse o caso do filme em questão.

Na trama, Jules (Sabin Tambrea) é um atendente de um site de suporte voltado para mulheres que, à noite, se encontram nas ruas e buscam segurança para retornar aos seus lares. Trabalhando em home office, com a filha aparentemente doente na cama, ele é um profissional atento aos perigos que as mulheres enfrentam diariamente. Porém, uma ligação se distingue das demais. Klara (Luise Heyer), desesperada, informa a Jules que está forçada a escolher entre matar o marido ou ser assassinada por um serial killer, o Assassino do Calendário, conhecido por assassinar suas vítimas e deixar a data de sua morte como assinatura.

A premissa é cativante ao costurar o suspense sobre as motivações e a identidade do vilão com os dramas e traumas da dupla. Além de ser perseguida, Klara é vítima de um relacionamento abusivo, sendo constantemente agredida e humilhada pelo marido. Enquanto isso, Jules relembra o passado, incluindo a perda da esposa e filho, e se empenha em salvar Klara, não apenas do assassino, mas também de si mesma — afinal, entre matar o marido ou ser morta, ela considerou o suicídio como uma opção.

Infelizmente, a obra não consegue articular de maneira satisfatória essa proposta, transformando-se em um ambiente vazio e caricato. Ela perde a oportunidade de utilizar a película como uma plataforma eficaz para denunciar um tema tão relevante e delicado. Embora a atuação de Luise Heyer seja sólida e consiga transmitir em imagem as dores de sua personagem, o roteiro falha em convencer o público sobre os males que ela enfrenta. Seja pelos flashbacks, repetições nos diálogos ou pelas perguntas óbvias que surgem de Jules, como "Por que as mulheres aceitam esse tipo de violência?", tudo para que Klara explique o óbvio, sem naturalidade. Claro, dentro desse contexto, é possível que muitas vítimas reais se identifiquem com a história, mas a dinâmica entre os personagens falta impacto, tornando-se previsível e sem profundidade.

O drama de Jules também se revela pouco atrativo. Seja por um texto que não ajuda ou pela própria limitação do ator. A pequena apresentação de outros personagens, como o marido de Klara, o pai de Jules e um homem que concede carona à protagonista, que deveriam contribuir para o suspense, acaba sendo ineficaz. O mesmo vale para o mistério em torno do Assassino do Calendário, que não consegue cativar, tornando-se previsível e culminando em um desfecho anticlimático, superficialmente desenvolvido. Fica a sensação de que o trabalho de Adolfo J. Kolmeger e Susanne Schneider, antes mesmo do final, já entregou tudo o que podia, realizando um esforço para conectar as pontas importantes da narrativa, mas sem causar nenhuma atração real e orgânica.

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