A Múmia (1932)
Mais um clássico da Universal.
por Giovani Zanirati.
A Múmia (1932)
Direção: Karl Freund
Roteiro: John L. Balderston
País: Estados Unidos
Nota: 08/10
Direção: Karl Freund
Roteiro: John L. Balderston
País: Estados Unidos
Nota: 08/10
A Universal Pictures deixou sua marca indiscutível no gênero de terror, especialmente durante a década de 1930, com as aclamadas adaptações de Drácula (1931), Frankenstein (1931) e O Homem Invisível (1933). Embora tenha ganhado maior notoriedade com o remake no final dos anos 1990, A Múmia (1932) também ocupa um lugar de destaque nesse seleto grupo de clássicos do terror. Sob a direção de Karl Freund, renomado cineasta responsável pela direção de fotografia de Metrópolis (1927), A Múmia não só gerou um legado, mas também ampliou a importância de Boris Karloff no gênero.
Inspirada na descoberta da tumba de Tutancâmon em 1922, a trama, embora com recursos limitados e mudanças no roteiro original, se desenrola em 1921, quando os arqueólogos Pearson (Arthur Byron) e Frank Whemple (Philip Graves) encontram a múmia do príncipe Imhotep, um sacerdote que foi enterrado vivo. A descoberta revela, ainda, que ele foi sepultado com uma caixa que traz uma maldição aos que ousarem profaná-la. Ao ser lido o Pergaminho de Thoth, um dos assistentes da expedição traz a múmia de volta à vida. Imhotep (Boris Karloff) ressurge e, em sua primeira aparição, escapa sem deixar vestígios.
Imhotep, agora em busca da reencarnação da mulher que amava, a princesa Ankh-es-en-amon, inicia sua jornada. No passado, ele tentara trazê-la de volta à vida por meio de rituais mágicos, mas foi condenado e enterrado vivo por seu ato sacrílego. Sua busca pela princesa reencarnada torna-se o eixo central da história. Em 1932, ele assume a identidade de Ardath Bey, um enigmático homem que começa a trabalhar nas sombras para alcançar seu objetivo. Ele se aproxima de Helen Grosvenor (Zita Johann), uma mulher que, inexplicavelmente, sente uma forte conexão com a princesa do passado. Helen, que começa a ter visões de Ankh-es-en-amon, sente-se atraída pela presença de Ardath Bey, sem saber de sua verdadeira identidade.
O filme apresenta um estilo que lembra consideravelmente Drácula. Ao longo da obra, Imhotep utiliza seus poderes, como controle mental, hipnose e feitiçaria, para tentar convencer Helen a se unir a ele e viver ao seu lado pela eternidade. Sua presença é marcada por um olhar sombrio, sua eloquência ao se manifestar e sua habilidade de manipulação. A dinâmica entre os personagens, com a figura da vítima feminina sendo progressivamente controlada, onde o médico Dr. Muller (Edward Arnold) tenta proteger Helen do poder de Imhotep, impedindo que ele a possua completamente.
Apesar disso, A Múmia apresenta um roteiro menos complexo. Não há grandes mensagens políticas ou sociais nas entrelinhas. O tema central gira em torno da imortalidade, do amor eterno e das consequências de vencer a morte. Essa perspectiva lembra, em certa medida, os elementos presentes em Frankenstein. Contudo, o filme é direto, muitas vezes monótono, especialmente pela tentativa de entrelaçar suspense, maldição e romance ao redor da Múmia, sem contar com a pouca relevância de seus personagens secundários, cujas interações são, em alguns momentos, forçadas para conectar os eventos com os objetos de poder do personagem-título.
O maior mérito da obra reside na construção de Imhotep. Boris Karloff entrega uma performance única, conseguindo se distanciar da criatura de Frankenstein, ao construir seu personagem com nuances e profundidade. A construção do monstro é bem desenvolvida, seja pelas motivações e o excelente flashback em torno de sua amada milenar. Coincidentemente, assim como no clássico de James Whale, Karloff passou por um longo processo de maquiagem para dar vida à figura da múmia. Em alguns momentos, o ator sentia desconforto, principalmente devido ao forte cheiro de látex presente na máscara, além das lentes de contato que deixavam seus olhos completamente opacos.
Outro ponto positivo é o trabalho de direção de arte, que criou uma atmosfera autêntica e intrigante de uma antiga tumba egípcia. Os cenários, elaborados com grande atenção aos detalhes, foram construídos artesanalmente. Muitos dos adereços usados no filme foram feitos com materiais baratos, mas se mostraram visualmente impactantes, contribuindo para o clima ideal. A presença do cineasta foi fundamental, devido ao seu histórico poderoso na direção de fotografia no expressionismo alemão.
A Múmia (1932) se estabelece como um clássico fundamental para a formação do subgênero de múmias e influenciando diversas produções cinematográficas subsequentes. A performance inesquecível de Karloff, juntamente com os efeitos especiais para a época, transformaram a figura da múmia em um dos monstros mais emblemáticos do cinema. Esta obra é um dos pilares da era dourada do terror.
Em 1999, o filme ganhou um remake, dirigido por Stephen Sommers, que manteve a premissa original de Imhotep ressuscitando e libertando uma maldição, mas com um tom mais voltado para aventura, ação e humor, reduzindo a carga dramática e de suspense. O remake foi um sucesso comercial e gerou duas sequências: O Retorno da Múmia (2001) e A Múmia: A Tumba do Imperador Dragão (2008), além de cinco spin-offs focados no personagem Escorpião Rei (um vilão de O Retorno da Múmia). Em 2017, houve uma tentativa de reviver o universo dos monstros com a franquia Dark Universe através de um novo filme de A Múmia, mas devido ao fracasso crítico e de bilheteira, o projeto foi cancelado. No total, o personagem da múmia foi retratado em quatorze filmes.
Inspirada na descoberta da tumba de Tutancâmon em 1922, a trama, embora com recursos limitados e mudanças no roteiro original, se desenrola em 1921, quando os arqueólogos Pearson (Arthur Byron) e Frank Whemple (Philip Graves) encontram a múmia do príncipe Imhotep, um sacerdote que foi enterrado vivo. A descoberta revela, ainda, que ele foi sepultado com uma caixa que traz uma maldição aos que ousarem profaná-la. Ao ser lido o Pergaminho de Thoth, um dos assistentes da expedição traz a múmia de volta à vida. Imhotep (Boris Karloff) ressurge e, em sua primeira aparição, escapa sem deixar vestígios.
Imhotep, agora em busca da reencarnação da mulher que amava, a princesa Ankh-es-en-amon, inicia sua jornada. No passado, ele tentara trazê-la de volta à vida por meio de rituais mágicos, mas foi condenado e enterrado vivo por seu ato sacrílego. Sua busca pela princesa reencarnada torna-se o eixo central da história. Em 1932, ele assume a identidade de Ardath Bey, um enigmático homem que começa a trabalhar nas sombras para alcançar seu objetivo. Ele se aproxima de Helen Grosvenor (Zita Johann), uma mulher que, inexplicavelmente, sente uma forte conexão com a princesa do passado. Helen, que começa a ter visões de Ankh-es-en-amon, sente-se atraída pela presença de Ardath Bey, sem saber de sua verdadeira identidade.
O filme apresenta um estilo que lembra consideravelmente Drácula. Ao longo da obra, Imhotep utiliza seus poderes, como controle mental, hipnose e feitiçaria, para tentar convencer Helen a se unir a ele e viver ao seu lado pela eternidade. Sua presença é marcada por um olhar sombrio, sua eloquência ao se manifestar e sua habilidade de manipulação. A dinâmica entre os personagens, com a figura da vítima feminina sendo progressivamente controlada, onde o médico Dr. Muller (Edward Arnold) tenta proteger Helen do poder de Imhotep, impedindo que ele a possua completamente.
Apesar disso, A Múmia apresenta um roteiro menos complexo. Não há grandes mensagens políticas ou sociais nas entrelinhas. O tema central gira em torno da imortalidade, do amor eterno e das consequências de vencer a morte. Essa perspectiva lembra, em certa medida, os elementos presentes em Frankenstein. Contudo, o filme é direto, muitas vezes monótono, especialmente pela tentativa de entrelaçar suspense, maldição e romance ao redor da Múmia, sem contar com a pouca relevância de seus personagens secundários, cujas interações são, em alguns momentos, forçadas para conectar os eventos com os objetos de poder do personagem-título.
O maior mérito da obra reside na construção de Imhotep. Boris Karloff entrega uma performance única, conseguindo se distanciar da criatura de Frankenstein, ao construir seu personagem com nuances e profundidade. A construção do monstro é bem desenvolvida, seja pelas motivações e o excelente flashback em torno de sua amada milenar. Coincidentemente, assim como no clássico de James Whale, Karloff passou por um longo processo de maquiagem para dar vida à figura da múmia. Em alguns momentos, o ator sentia desconforto, principalmente devido ao forte cheiro de látex presente na máscara, além das lentes de contato que deixavam seus olhos completamente opacos.
Outro ponto positivo é o trabalho de direção de arte, que criou uma atmosfera autêntica e intrigante de uma antiga tumba egípcia. Os cenários, elaborados com grande atenção aos detalhes, foram construídos artesanalmente. Muitos dos adereços usados no filme foram feitos com materiais baratos, mas se mostraram visualmente impactantes, contribuindo para o clima ideal. A presença do cineasta foi fundamental, devido ao seu histórico poderoso na direção de fotografia no expressionismo alemão.
A Múmia (1932) se estabelece como um clássico fundamental para a formação do subgênero de múmias e influenciando diversas produções cinematográficas subsequentes. A performance inesquecível de Karloff, juntamente com os efeitos especiais para a época, transformaram a figura da múmia em um dos monstros mais emblemáticos do cinema. Esta obra é um dos pilares da era dourada do terror.
Em 1999, o filme ganhou um remake, dirigido por Stephen Sommers, que manteve a premissa original de Imhotep ressuscitando e libertando uma maldição, mas com um tom mais voltado para aventura, ação e humor, reduzindo a carga dramática e de suspense. O remake foi um sucesso comercial e gerou duas sequências: O Retorno da Múmia (2001) e A Múmia: A Tumba do Imperador Dragão (2008), além de cinco spin-offs focados no personagem Escorpião Rei (um vilão de O Retorno da Múmia). Em 2017, houve uma tentativa de reviver o universo dos monstros com a franquia Dark Universe através de um novo filme de A Múmia, mas devido ao fracasso crítico e de bilheteira, o projeto foi cancelado. No total, o personagem da múmia foi retratado em quatorze filmes.
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