Halloween Kills: O Terror Continua (2021)

Halloween Kills: O Terror Continua (2021)

Haddonfiled x Michael Myers.

por Giovani Zanirati




Halloween Kills: O Terror Continua (2021)
Direção: David Gordon Green
Roteiro: Danny McBride, David Gordon Green, Scott Teems
País: Estados Unidos
Nota : 08/10

Após um longo hiato, Halloween retornou com força total em 2018, com uma sequência direta do clássico Halloween: A Noite do Terror (1978), ignorando os erros (e alguns acertos) das produções anteriores. Com os retornos de John Carpenter e Jamie Lee Curtis, além da direção de David Gordon Green, o filme resgata as características do original sem perder sua própria identidade.

Assim, até o momento, ele se destaca como a melhor sequência da obra de Carpenter. O sucesso da produção, um dos maiores do gênero slasher, garantiu duas sequências: Halloween Kills e Halloween Ends (2022), formando uma nova trilogia.

Embora Halloween Kills pareça ter sido criado para atender a interesses financeiros de executivos, acabando por ser o filme mais próximo da banalidade dentro da nova trilogia, isso não chega a ser um grande problema. O longa apresenta uma narrativa caótica, tanto no bom quanto no mau sentido. Trata-se de um filme de slasher eficiente, que explora a nostalgia, a crítica social, o sobrenatural, a violência e a histeria, abordando os acertos e os erros recorrentes da franquia.

Com um roteiro que amplia a presença do mal em Haddonfield, o filme mostra como o medo, o ódio e o efeito manada podem transformar as pessoas, expondo o pior do ser humano. A busca por justiça, leva a cidade ao caos, e Myers cria sua obra-prima: uma população enlouquecida. Quais serão as consequências disso?

Na trama, Michael Myers sobrevive à armadilha de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) com a ajuda involuntária de uma equipe de bombeiros. Myers então inicia um massacre contra os profissionais, estabelecendo o tom do filme. Em meio ao medo e à revolta, Tommy Doyle (Anthony Michael Hall), o jovem que no passado foi salvo por Laurie em 1978, organiza um grupo de moradores para caçar o assassino e restaurar a paz na amaldiçoada cidade.

Enquanto isso, Laurie, Karen (Judy Greer) e Allyson (Andi Matichak) estão no hospital, aguardando o próximo ataque de Myers. Esse cenário, porém, gera um certo incômodo pela ausência de Strode no combate, embora seja compreensível devido à sua saúde debilitada, deixando a atenção voltada para os justiceiros enlouquecidos.

Ao longo dessa jornada, os moradores de Haddonfield buscam erradicar o mal, levantando questões sociais que, no entanto, não são bem desenvolvidas pelo roteiro. O discurso e a indignação se mostram subdesenvolvidos, tornando-se muitas vezes cansativos e previsíveis. A reflexão que o filme propõe não surge de maneira orgânica, comprometendo o impacto do conteúdo.

Além disso, a inserção de antigos e novos personagens, com o único propósito de serem vítimas da Forma, acaba fazendo com que Kills repita erros das sequências anteriores da franquia, sacrificando a sutileza em favor de um apelo à violência, tornando-se banal. 

A narrativa pode parecer ambígua porque na alegação de Laurie, Myers é obcecado por ela. No entanto, em Halloween (2018), é possível questionar em que momento ele realmente a perseguiu ? Se não fosse pelo médico de Myers, Dr. Sartain (Haluk Bilginer), Laurie não teria sido atacada. Os amigos de Allyson, embora conectadas a Laurie, foram eliminados aleatoriamente. Em Kills, enquanto Laurie aguarda o ataque no hospital, Myers segue por um caminho completamente diferente. Isso levanta a questão: Michael Myers realmente tem alguma obsessão por Laurie? O que ele busca, afinal?

Por outro lado, um dos maiores méritos do filme está mais uma vez na presença imponente de Michael Myers. Apesar de o filme flertar com elementos sobrenaturais que podem prejudicar o final da trilogia, a direção se destaca pela precisão das tomadas de câmera e pela criatividade nas cenas de morte (embora em excesso), resgatando a essência do filme original. Se 2018, ele está imponente, em Kills, ele é um verdadeiro monstro, mas sem perder a essência de sua imagem.

A direção de arte, a fotografia e a trilha sonora desempenham papéis cruciais, contribuindo para um impacto visual e sensorial poderoso. Eu, particularmente, adorei a nova versão da trilha e fico com convicção que se trata da melhor ao longo de mais de quarenta anos.

Kills é, também, pura nostalgia, um deleite para o fãs da franquia. Mesmo que alguns considerem essa abordagem como uma tentativa de agradar aos fãs, como os fanservice presentes em filmes da Marvel e da DC, o impacto é preciso para quem gosta de Halloween. Ele é visualmente impressionante, especialmente na recriação perfeita dos anos 70, que reforça o caráter do terror.

A inclusão do retorno de Samuel Loomis, com efeitos práticos notáveis, traz a sensação de Donald Pleasence de volta às telas de forma emocionante, o que, pessoalmente, causou um forte impacto emocional, embora isso possa prejudicar uma análise mais racional. A reta final, um tanto ambígua, reserva também um dos momentos mais épicos da obra, e de toda a série, quando Myers coloca a máscara para enfrentar os populares revoltados. Simplesmente, brilhante.

Apesar de alguns problemas e um final repleto de mistério, Halloween Kills se revela uma produção mais competente do que muitos imaginam à primeira vista. O vilão Michael Myers reforça ainda mais seu impacto no terror, não apenas pelo número impressionante de assassinatos, mas também pela maneira como ele amplifica o terror e o medo das pessoas.

Ele representa o mal que pode atingir qualquer um a qualquer momento, refletindo também a ausência de esperança entre os sobreviventes. Assim, fica claro o impacto profundo que este novo capítulo da saga traz. Agora, resta aguardar o desfecho de Halloween Ends. Será que o final será satisfatório?

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