Halloween (2018)
O retorno triunfal da franquia.
por Giovani Zanirati
Halloween (2018)
Direção: David Gordon Green
Roteiro: Danny McBride, David Gordon Green, Jeff Fradley
PaÃs: Estados Unidos
Nota: 09/10
Direção: David Gordon Green
Roteiro: Danny McBride, David Gordon Green, Jeff Fradley
PaÃs: Estados Unidos
Nota: 09/10
Os filmes Halloween: O InÃcio (2007) e Halloween 2 (2009) representam projetos audaciosos, mas repletos de problemas, idealizados por Rob Zombie para a renomada franquia. Ao promover uma desconstrução da mitologia que envolve Michael Myers, as obras geraram descontentamento entre grande parte dos fãs mais tradicionais. Contudo, é relevante destacar que, simultaneamente, essas produções cativaram uma nova geração de admiradores, que tiveram seu primeiro contato com a trama envolvendo Michael Myers, Laurie Strode e o Dr. Loomis.
Durante o lançamento de Halloween II (2009), um terceiro filme, intitulado Halloween 3D, estava em fase de planejamento. Com o tempo, o argumento foi finalizado, e a nova trama seria uma continuação direta dos eventos dos filmes anteriores. No entanto, a produção permaneceu apenas no papel e foi cancelada. Como consequência, a franquia entrou em um longo hiato, o maior desde o primeiro filme em 1978. Dessa forma, a produtora Dimension Films perdeu os direitos da franquia, que foram adquiridos pela Miramax. Uma nova era estava prestes a começar.
A pergunta que surge é: qual caminho seria seguido? A Miramax optou pela abordagem mais simples, mas ao mesmo tempo vantajosa. Em 2018, é lançado Halloween. Com a direção de David Gordon Green, que mais tarde se tornaria amplamente reconhecido por este filme e suas sequências e pela continuação do clássico O Exorcista (1973), o filme se configura como uma sequência direta de Halloween: A Noite do Terror (1978), desconsiderando, portanto, todos os acontecimentos das produções subsequentes. Este novo reboot opta por descartar diversos elementos problemáticos introduzidos em filmes posteriores, destacando-se a relação familiar entre Michael Myers e Laurie Strode.
A pergunta que surge é: qual caminho seria seguido? A Miramax optou pela abordagem mais simples, mas ao mesmo tempo vantajosa. Em 2018, é lançado Halloween. Com a direção de David Gordon Green, que mais tarde se tornaria amplamente reconhecido por este filme e suas sequências e pela continuação do clássico O Exorcista (1973), o filme se configura como uma sequência direta de Halloween: A Noite do Terror (1978), desconsiderando, portanto, todos os acontecimentos das produções subsequentes. Este novo reboot opta por descartar diversos elementos problemáticos introduzidos em filmes posteriores, destacando-se a relação familiar entre Michael Myers e Laurie Strode.
O longa resgata a atmosfera de suspense e mistério que sempre envolveu o icônico assassino, restaurando-o como o monstro primordial, sÃmbolo da personificação do mal. Um filme especial que marca o retorno de John Carpenter e Jamie Lee Curtis. Vale lembrar que a última participação do cineasta em um filme da franquia foi em Halloween 2: O Pesadelo Continua (1981). Embora Carpenter também tenha participado de Halloween 3: A Noite das Bruxas (1982), este filme é considerado independente da franquia principal. Por sua vez, Jamie Lee Curtis fez sua última participação na série em Halloween: Ressurreição (2002).
Na trama, que se desenrola quarenta anos após os eventos em Haddonfield, ocorridos em 1978, Laurie se vê profundamente traumatizada após ser atacada e testemunhar a morte de seus amigos. Esse impacto devastador culmina em uma vida marcada por um tumulto constante, especialmente em sua relação com a filha Karen (Judy Greer) e a neta Allyson (Andy Matichak) Contudo, será que quatro décadas não seriam suficientes para a recuperação? A meu ver, o trauma mais profundo está intimamente ligado ao vilão, e não apenas ao ataque em si. Laurie presenciou a personificação do mal, como descrito por Loomis, um mal que se gravou de maneira indelével em sua memória e em seu coração, a ponto de ela sacrificar sua própria vida, seus relacionamentos e sua famÃlia em preparação para um novo confronto.
Na trama, que se desenrola quarenta anos após os eventos em Haddonfield, ocorridos em 1978, Laurie se vê profundamente traumatizada após ser atacada e testemunhar a morte de seus amigos. Esse impacto devastador culmina em uma vida marcada por um tumulto constante, especialmente em sua relação com a filha Karen (Judy Greer) e a neta Allyson (Andy Matichak) Contudo, será que quatro décadas não seriam suficientes para a recuperação? A meu ver, o trauma mais profundo está intimamente ligado ao vilão, e não apenas ao ataque em si. Laurie presenciou a personificação do mal, como descrito por Loomis, um mal que se gravou de maneira indelével em sua memória e em seu coração, a ponto de ela sacrificar sua própria vida, seus relacionamentos e sua famÃlia em preparação para um novo confronto.
É possÃvel perceber certas semelhanças com a personagem apresentada em H20, embora as diferenças sejam mais evidentes. No filme de 1998, Laurie Strode foge de Haddonfield e altera sua identidade, sugerindo um medo profundo de ser localizada. Contudo, em 2018, seu objetivo não é mais escapar: agora senhora de seu próprio destino, ela aguardou pela chegada de Michael Myers, treinou e orou para o momento. De maneira similar à Sarah Connor, de O Exterminador do Futuro, Laurie se preparou para enfrentar a ameaça, enfatizando o empoderamento feminino.
Enquanto isso, Michael Myers permaneceu mais uma vez internado em um sanatório, desta vez sob os cuidados do Dr. Sartain (Haluk Bilginer), discÃpulo de Dr. Loomis (Donald Pleasense ). No entanto, dois jornalistas resolvem produzir uma matéria sobre os ataques de Myers em Haddonfield, incluindo uma entrevista exclusiva com o próprio assassino. Um deles chega a exibir a máscara original de Michael Myers, agora envelhecida, mas ainda fiel ao modelo original. Estaria o mal prestes a ser despertado?
Enquanto isso, Michael Myers permaneceu mais uma vez internado em um sanatório, desta vez sob os cuidados do Dr. Sartain (Haluk Bilginer), discÃpulo de Dr. Loomis (Donald Pleasense ). No entanto, dois jornalistas resolvem produzir uma matéria sobre os ataques de Myers em Haddonfield, incluindo uma entrevista exclusiva com o próprio assassino. Um deles chega a exibir a máscara original de Michael Myers, agora envelhecida, mas ainda fiel ao modelo original. Estaria o mal prestes a ser despertado?
Halloween é um filme de roteiro simples, que segue uma trajetória similar ao clássico original, desde a fuga do vilão do sanatório até a chegada na cidade natal. Ademais, para se alinhar com as tendências contemporâneas, o filme apela excessivamente para a violência, acumulando vÃtimas de forma que, por vezes, banaliza as mortes, especialmente com o surgimento de personagens desnecessários. A direção, o grande talento de David Gordon Green, reforça este cenário sombrio, com excelentes tomadas de câmera, colocando o vilão muitas vezes em segundo plano, quase sempre acompanhado da impactante trilha sonora de John Carpenter, Cody Carpenter e Daniel Davies, modernizada e poderosa. Arrisco a dizer que é superior a original.
Contudo, o grande mérito da produção reside no entendimento de quem é Michael Myers e Laurie. Após várias tentativas de explicar a natureza da "Forma", o roteiro retoma a imagem enigmática e sombria do vilão, que, sem qualquer justificativa plausÃvel, executa seus ataques monstruosos, evocando a figura frequentemente descrita pelo Dr. Loomis. Laurie, por sua vez, reforça o entendimento do força feminina em sua luta contra o trauma. O seu desenvolvimento é marcado pela relação com as mulheres da famÃlia, gerando medo, afastamento e esperança. É o trio que, no momento mais importante da obra, assume o confronto contra a Forma, em um dos momentos mais emblemáticos da franquia.
Contudo, o grande mérito da produção reside no entendimento de quem é Michael Myers e Laurie. Após várias tentativas de explicar a natureza da "Forma", o roteiro retoma a imagem enigmática e sombria do vilão, que, sem qualquer justificativa plausÃvel, executa seus ataques monstruosos, evocando a figura frequentemente descrita pelo Dr. Loomis. Laurie, por sua vez, reforça o entendimento do força feminina em sua luta contra o trauma. O seu desenvolvimento é marcado pela relação com as mulheres da famÃlia, gerando medo, afastamento e esperança. É o trio que, no momento mais importante da obra, assume o confronto contra a Forma, em um dos momentos mais emblemáticos da franquia.
Os seguidores das crÃticas deste perfil perceberam que a franquia Halloween tem alternado entre momentos de grande êxito e quedas significativas. O sucesso estrondoso de Halloween: A Noite do Terror (1978) não foi plenamente replicado pelas suas sequências subsequentes. O filme que mais se aproximou, até então, da simplicidade e do suspense que caracterizam o clássico foi H20 (1998). Contudo, a empreitada inicial da Miramax sob a direção de David Gordon Green trouxe uma repaginação brilhante, com um entendimento profundo tanto do enredo quanto da direção original de John Carpenter. Embora inferior ao filme de 1978, Halloween (2018) é um filme qualificado não apenas para a franquia, mas para o subgênero slasher como um todo. O êxito deste filme resultou na produção de dois novos tÃtulos: Halloween Kills: O Terror Continua (2021) e Halloween Ends (2022).
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