A Visita (2015)

A Visita (2015)

Ficar na casa dos avós é uma péssima escolha.

por Giovani Zanirati.


A Visita (2015)
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
País: Estados Unidos
Nota: 08/10

Tenho um apreço pelo trabalho de M. Night Shyamalan, um cineasta conhecido por sua habilidade em se reinventar e criar histórias envolventes. Em meu perfil no Instagram, onde compartilho textos com frequência, o diretor indiano aparece diversas vezes, com seis produções destacadas, incluindo A Visita (2015). Filmes como Corpo Fechado (2000), Fragmentado (2016), Vidro (2019), Tempo (2021) e Armadilha (2024) também fazem parte dessa seleção.

Entretanto, confesso que fiquei com certa apreensão em relação A Visita devido ao subgênero found footage, que nem sempre me cativa. A prática de usar câmeras para filmar o cotidiano dos personagens, muitas vezes, compromete a suspensão da descrença e pode se tornar cansativa. Felizmente, o filme superou minhas expectativas, com Shyamalan mais uma vez conseguindo capturar a atenção do público ao entregar um suspense envolvente, repleto de nuances misteriosas e perturbadoras, mas que não deixa de lado o humor característico de seu estilo.

A trama segue os jovens irmãos Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould), que viajam para passar alguns dias com os avós maternos (Deanna Dunagan e Peter McRobbie), que eles nunca haviam visto. O objetivo da viagem é restaurar a estrutura familiar, uma vez que os avós não tinham contato com a filha ( a mãe da dupla) há muitos anos devido a um desentendimento. Inicialmente, tudo parece promissor, pois os idosos recebem os netos com calorosa hospitalidade, fazendo com que Becca e Tyler se sintam acolhidos. No entanto, conforme os dias passam, os irmãos começam a perceber comportamentos cada vez mais estranhos, e logo, ameaçadores, por parte dos avós.

A obra consegue construir um suspense eficaz. O início é promissor ao apresentar os dramas familiares e o carisma da dupla de irmãos. Quase sempre filmando tudo com suas câmeras, Becca sonha em se tornar cineasta, enquanto o menino aspira a ser rapper. O filme também aborda aspectos emocionais importantes, como a ausência do pai na vida dos irmãos, criando uma conexão genuína com o público por meio do humor e do drama, que desempenham papéis cruciais no desenrolar da história.

Essa conexão entre os irmãos é evidente diante das bizarrices protagonizadas pelos avós. Unidos pela inteligência e pela cumplicidade, Becca e Tyler buscam juntos uma explicação plausível para os comportamentos cada vez mais estranhos dos idosos. Enquanto a menina acredita que os comportamentos excêntricos são naturais para a idade, Tyler desconfia de algo mais sinistro. Em alguns momentos, a avó se comporta de maneira animalizada, ficando pelada pela casa; e o avô guarda fraldas sujas no celeiro, além de exibir outros sinais de delírios.

Embora eu não seja um grande fã desse tipo de gênero, A Visita consegue explorar uma sensação de proximidade com a realidade. O ritmo do filme é bem dosado, com a tensão sendo constantemente alimentada por novos mistérios que vão revelando gradualmente a verdadeira natureza da situação em que os jovens se encontram. Cada registro, seja pela escolha da câmera ou pelas bizarrices dos avós, cria uma tensão crescente, potencializada pela atuação precisa do elenco reduzido e pelas ações cada vez mais perturbadoras dos idosos. O humor, que em certos momentos pode parecer deslocado, proporciona alívios satisfatórios, seja pelas excentricidades dos avós ou pelas dinâmicas emocionais entre os irmãos, que enfrentam uma crise pessoal durante a trama.

Ao longo do filme, várias questões surgem: o que realmente está acontecendo? Os avós representam um perigo real? Há algo sobrenatural em jogo? Quem são as figuras que aparecem ao longo da história? E, talvez a pergunta mais curiosa: como uma mãe, que está viajando com seu namorado, pode permitir que seus filhos viajem sozinhos para a casa de avós que nem conheciam? O desfecho do filme responde satisfatoriamente a boa parte dessas questões, deixando o público intrigado até os últimos momentos.

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