Exorcista (1971)
O livro que deu origem ao filme.
por Giovani Zanirati
O Exorcista (1971)
Autor: William Peter Blatty
País: Estados Unidos
Editora: Harper Collins
Páginas: 334
Nota: 10/10
Autor: William Peter Blatty
País: Estados Unidos
Editora: Harper Collins
Páginas: 334
Nota: 10/10
O Exorcista (1973) é amplamente reconhecido como um dos maiores clássicos do gênero de terror, e sua influência perdura por várias gerações, mesmo entre aqueles que nunca o assistiram. No entanto, muitos desconhecem que o filme é uma adaptação do livro homônimo, escrito por William Peter Blatty em 1971. Blatty, além de autor da obra literária, também foi responsável pela elaboração do roteiro da icônica produção cinematográfica. Aqueles que assistiram ao filme e pretendem ler o livro é importante mencionar que a obra cinematográfica é uma adaptação bastante fiel à obra original, com poucas variações. No entanto, é possível afirmar que a trama literária apresenta uma dimensão ainda mais sombria e perturbadora do que o filme.
O livro desenvolve os arcos narrativos em torno do padre Damien Karras e da família MacNeill. Questões como drama, suspense, terror, redenção e amor entrelaçam-se de maneira precisa na construção dos personagens. De forma orgânica, gradual e envolvente, a obra cativa o leitor do início ao fim. O elemento central, o horror, é magistralmente estabelecido por Blatty, criando uma atmosfera desconcertante e incômoda que consegue evocar os maiores medos do público.
Dividido em quatro partes – O Começo, A Beira, O Abismo e E que meu apelo chegue a ti... – e um prólogo, o livro inicia com o padre Merrin, que, ao realizar escavações no Iraque, encontra estatuetas do demônio Pazuzu, oriundas da cultura suméria. Este prólogo reveste-se de uma importância crucial para o desenvolvimento da narrativa, que, posteriormente, se desloca para a figura do padre Karras, cuja fé encontra-se profundamente abalada, e para a atriz Chris, acompanhada de sua filha Regan, na cidade de Georgetown, nos Estados Unidos.
Chris é uma atriz renomada que busca uma oportunidade para se afirmar como diretora de cinema. Ela vive com sua filha, a pré-adolescente Regan, e três empregados. O primeiro arco da narrativa serve para apresentar o contexto familiar, explorando tanto as conquistas quanto as dificuldades decorrentes da ausência do pai de Regan. Essa construção inicial permite ao público criar empatia pela jovem, evidenciando sua inocência e carisma. No entanto, gradualmente, o clima de suspense se intensifica, introduzindo elementos que, posteriormente, se tornariam clichês do gênero: objetos que se deslocam ou desaparecem, sons inexplicáveis e uma mudança no comportamento da menina.
O que chama a atenção é a maneira inteligente e gradual com que esse comportamento se desenrola, como se fosse uma manifestação natural de uma jovem em pleno turbilhão hormonal. No entanto, diante das mudanças físicas e psicológicas cada vez mais desconcertantes de Regan, e da ausência de respostas médicas satisfatórias, MacNeill recorre, como último recurso, ao padre Karras. Curiosamente, a atriz é ateia e havia tentado afastar a religião de seu lar, questionando qualquer ensinamento cristão direcionado à sua filha. Esse fato evidencia o desespero da atriz, que testemunhou o verdadeiro horror em sua própria casa.
Contudo, estamos diante de um sacerdote em profunda dúvida. Em virtude do voto de pobreza e de sua dedicação à religião, o jesuíta testemunhou a degradação e a morte de sua mãe, momento em que poderia ter feito mais por ela. A dor e o arrependimento que experimenta diante desse cenário refletem as complexas camadas que cercam sua figura. Ao se deparar com Regan transformada – com alterações em sua voz, odor, aparência, capacidade de falar em outras línguas e outros aspectos perturbadores – ele inicialmente tenta abordá-la por meio da psiquiatra.
Ou seja, enquanto a ateia Chris acredita que sua filha está possuída por uma força demoníaca, o padre manifesta seu ceticismo, argumentando que o exorcismo poderia ser prejudicial à menina e ainda dependeria da autorização da Igreja. Assim, tudo parecia convergir para um verdadeiro abismo para a família MacNeill. À primeira vista, não havia uma solução viável para ambas. O horror, então, se fazia presente.
Embora Blatty afirme que O Exorcista não se configura necessariamente como uma obra de terror, mas como uma reflexão sobre a fé e a batalha entre o bem e o mal, o elemento do medo está presente de forma intensa e visceral. A blasfêmia e os momentos de profundo desconforto, especialmente para a imaginação do leitor, se manifestam de maneira avassaladora. Diante do desespero e, acima de tudo, após uma vasta pesquisa, o padre Karras chega à conclusão de que o único caminho possível é, de fato, o exorcismo.
Enquanto isso, a trama abre espaço para uma investigação criminal que envolve um detetive, o padre e a família MacNeill. Em algumas ocasiões, esse arco parece interromper o ritmo da narrativa, embora não perca seu valor. A presença do detetive, contudo, revela-se ambígua, uma vez que sua atuação parece inconveniente, especialmente devido à situação de Chris e Regan. No entanto, ao final, ele evidencia toda a capacidade analítica do personagem, ressaltando sua competência e desempenho.
O livro desenvolve os arcos narrativos em torno do padre Damien Karras e da família MacNeill. Questões como drama, suspense, terror, redenção e amor entrelaçam-se de maneira precisa na construção dos personagens. De forma orgânica, gradual e envolvente, a obra cativa o leitor do início ao fim. O elemento central, o horror, é magistralmente estabelecido por Blatty, criando uma atmosfera desconcertante e incômoda que consegue evocar os maiores medos do público.
Dividido em quatro partes – O Começo, A Beira, O Abismo e E que meu apelo chegue a ti... – e um prólogo, o livro inicia com o padre Merrin, que, ao realizar escavações no Iraque, encontra estatuetas do demônio Pazuzu, oriundas da cultura suméria. Este prólogo reveste-se de uma importância crucial para o desenvolvimento da narrativa, que, posteriormente, se desloca para a figura do padre Karras, cuja fé encontra-se profundamente abalada, e para a atriz Chris, acompanhada de sua filha Regan, na cidade de Georgetown, nos Estados Unidos.
Chris é uma atriz renomada que busca uma oportunidade para se afirmar como diretora de cinema. Ela vive com sua filha, a pré-adolescente Regan, e três empregados. O primeiro arco da narrativa serve para apresentar o contexto familiar, explorando tanto as conquistas quanto as dificuldades decorrentes da ausência do pai de Regan. Essa construção inicial permite ao público criar empatia pela jovem, evidenciando sua inocência e carisma. No entanto, gradualmente, o clima de suspense se intensifica, introduzindo elementos que, posteriormente, se tornariam clichês do gênero: objetos que se deslocam ou desaparecem, sons inexplicáveis e uma mudança no comportamento da menina.
O que chama a atenção é a maneira inteligente e gradual com que esse comportamento se desenrola, como se fosse uma manifestação natural de uma jovem em pleno turbilhão hormonal. No entanto, diante das mudanças físicas e psicológicas cada vez mais desconcertantes de Regan, e da ausência de respostas médicas satisfatórias, MacNeill recorre, como último recurso, ao padre Karras. Curiosamente, a atriz é ateia e havia tentado afastar a religião de seu lar, questionando qualquer ensinamento cristão direcionado à sua filha. Esse fato evidencia o desespero da atriz, que testemunhou o verdadeiro horror em sua própria casa.
Contudo, estamos diante de um sacerdote em profunda dúvida. Em virtude do voto de pobreza e de sua dedicação à religião, o jesuíta testemunhou a degradação e a morte de sua mãe, momento em que poderia ter feito mais por ela. A dor e o arrependimento que experimenta diante desse cenário refletem as complexas camadas que cercam sua figura. Ao se deparar com Regan transformada – com alterações em sua voz, odor, aparência, capacidade de falar em outras línguas e outros aspectos perturbadores – ele inicialmente tenta abordá-la por meio da psiquiatra.
Ou seja, enquanto a ateia Chris acredita que sua filha está possuída por uma força demoníaca, o padre manifesta seu ceticismo, argumentando que o exorcismo poderia ser prejudicial à menina e ainda dependeria da autorização da Igreja. Assim, tudo parecia convergir para um verdadeiro abismo para a família MacNeill. À primeira vista, não havia uma solução viável para ambas. O horror, então, se fazia presente.
Embora Blatty afirme que O Exorcista não se configura necessariamente como uma obra de terror, mas como uma reflexão sobre a fé e a batalha entre o bem e o mal, o elemento do medo está presente de forma intensa e visceral. A blasfêmia e os momentos de profundo desconforto, especialmente para a imaginação do leitor, se manifestam de maneira avassaladora. Diante do desespero e, acima de tudo, após uma vasta pesquisa, o padre Karras chega à conclusão de que o único caminho possível é, de fato, o exorcismo.
Enquanto isso, a trama abre espaço para uma investigação criminal que envolve um detetive, o padre e a família MacNeill. Em algumas ocasiões, esse arco parece interromper o ritmo da narrativa, embora não perca seu valor. A presença do detetive, contudo, revela-se ambígua, uma vez que sua atuação parece inconveniente, especialmente devido à situação de Chris e Regan. No entanto, ao final, ele evidencia toda a capacidade analítica do personagem, ressaltando sua competência e desempenho.
A ambiguidade permeia toda a obra, especialmente na relação intrínseca entre fé, medo e esperança, que se entrelaçam de maneira complexa. Estes elementos moldam a narrativa, destacando-se na dinâmica maniqueísta perturbadora entre os personagens centrais. Em última análise, O Exorcista é, sem dúvida, uma das mais notáveis e influentes obras da história da literatura, tendo o poder de revolucionar o gênero do terror.
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