Death Note (2003-06)
Um dos mangás mais queridos de todos os tempos.
por Giovani Zanirati.
Death Note (2003-06)
Autor: Tsugumi Ohba
Arte: Takeshi Obata
País: Japão
Volumes: 12
Capítulos: 108
Nota: 9,5/10
Autor: Tsugumi Ohba
Arte: Takeshi Obata
País: Japão
Volumes: 12
Capítulos: 108
Nota: 9,5/10
Death Note, escrito por Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata, é um mangá de grande repercussão mundial, publicado entre 2003 e 2006. A premissa da história envolve dois mundos distintos: o dos humanos e o dos Shinigamis. No universo dos Shinigamis, os deuses da morte possuem o Death Note — o "caderno da morte" — capaz de tirar a vida de qualquer pessoa cujo nome seja escrito em suas páginas, desde que o portador tenha a imagem da vítima em mente. Movido pelo tédio, o shinigami Ryuk decide deixar um de seus cadernos no mundo humano, mais precisamente no Japão, onde é encontrado pelo estudante Raito Yagami. Inicialmente cético, Raito resolve testar o caderno, escrevendo o nome de alguns criminosos. Logo, ele descobre que está diante de uma arma letal e (quase) infalível.
O mangá apresenta uma trama complexa e envolvente, repleta de nuances filosóficas e morais sobre o poder de tirar vidas e a ambiguidade do conceito de justiça. O que você faria se tivesse o caderno em mãos? Usaria para obter crescimento financeiro? Buscar vingança pessoal? Eliminar políticos que repudia? Não o utilizaria? Ou talvez o venderia? Yagami, então, inicia um plano ambicioso ao usar o Death Note para eliminar criminosos, com o objetivo de construir um mundo ideal, livre de crimes e injustiças. À medida que suas ações se intensificam, ele deixa de se ver como um simples justiceiro e passa a se enxergar como uma entidade superior, o "deus do novo mundo". Neste processo, ele estabelece contato com Ryuk, o shinigami que originalmente possuía o caderno, sendo o único humano capaz dessa interação — exceto, é claro, por aqueles que também manipulam o Death Note. Não demora para que a sucessão de mortes de criminosos — quase todas causadas por ataques cardíacos, conforme a regra padrão do caderno, quando não há especificação sobre a causa — desperte discussões públicas, além de gerar mistério e um profundo sentimento de medo na sociedade.
Alguns passaram a idolatrar as mortes dos criminosos como atos de um deus, o que alimentava ainda mais o ego de Raito Yagami. Nos fóruns da internet, o suposto deus foi batizado como Kira. Enquanto isso, governos de diversos países, incluindo o Japão, iniciaram investigações com o intuito de descobrir o responsável — ou os responsáveis — pelos crimes. Diante da total incapacidade de encontrar qualquer pista concreta sobre o caso, restou apenas uma opção: contar com o trabalho do renomado superdetetive L (Ryuzaki), o mais famoso do mundo e conhecido por solucionar os casos mais complexos. L aceita a missão de capturar Kira e, em uma única investida, descobre que o assassino está no Japão, o que facilita o foco da investigação. Para cumprir a missão, ele forma uma equipe japonesa composta por uma pequena parte da polícia que se opõe ao justiceiro — inclusive o pai de Raito faz parte dessa força-tarefa. Curiosamente, Ryuzaki (nome falso do personagem) é um detetive cuja verdadeira identidade, incluindo nome e rosto, é desconhecida por quase todos. Vale lembrar que, para executar alguém com o Death Note, Kira precisa conhecer tanto o nome quanto o rosto da vítima. Conveniente, não?
Diante dessa dualidade, ocorre o brilhante embate entre Ryuzaki (L) e Raito Yagami (Kira) sobre a definição de justiça. De um lado, Yagami, sob a identidade de Kira, busca criar um "mundo melhor", ceifando centenas de vidas em sua cruzada. Em contrapartida, Ryuzaki (L) considera Kira apenas um assassino arrogante e infantil, dedicando-se a capturá-lo para que pague por seus crimes. Esse confronto, no entanto, ganha complexidade em virtude das personalidades dos dois jovens, que, além de extremamente inteligentes, são profundamente orgulhosos. A disputa transcende a mera questão de justiça e, em muitos momentos, assume um caráter pessoal: nenhum dos dois está disposto a ser superado pelo outro. Como consequência, suas ações tornam-se cada vez mais controversas. Yagami, por exemplo, chega ao ponto de eliminar inocentes para não ser descoberto, colocando em risco até mesmo sua própria família e evidenciando a corrupção total de seus princípios. L, por sua vez, também se mostra implacável em sua determinação de vencer, manipulando pessoas, colocando vidas alheias em risco e utilizando todos os meios possíveis para concretizar seus planos. Esse embate, repleto de nuances morais e psicológicas, revela não apenas uma luta pela justiça, mas também os limites éticos que ambos estão dispostos a transgredir em nome de suas convicções.
A história se destaca por apresentar múltiplas reviravoltas de forma envolvente, ampliando o mistério e dinamismo entre os personagens. A narrativa explora elementos como a parceria complexa entre L e Yagami, o surgimento de uma nova Kira, a perda de memória, um terceiro Kira, uma empresa corrupta, intrincados planos estratégicos, mortes impactantes e ainda mais reviravoltas. Dessa forma, torna-se impossível não se prender à trama. Embora os textos sejam por vezes expositivos, eles cumprem o papel de esclarecer os elaborados e sofisticados planos dos rivais, levando o leitor a refletir profundamente e abrindo espaço para teorias surpreendentes. Mesmo em um ambiente marcado por tensão e desafios intelectuais de alto nível, a obra reserva momentos para o humor, especialmente com as presenças de Matsuda e Misa Amane. Até mesmo L, com seu comportamento peculiar, revela traços excêntricos que o consagram como um dos maiores ícones entre os fãs de mangás e animes.
A trama também se destaca por oferecer momentos de ação intensos e bem distribuídos, como a brilhante emboscada durante o confronto contra o terceiro Kira, com a participação decisiva de Ryuzaki e Yagami. Pessoalmente, aprecio a cena em que uma equipe encarregada de capturar Kira é encurralada em um prédio por populares e fanáticos, seguidores do "deus". No entanto, um aspecto que pode representar um desafio para leitores mais exigentes é a suspensão de descrença que permeia quase todos os volumes do mangá. Devido à genialidade de L, Kira e, posteriormente, Near, seus planos são (quase) infalíveis, mas, para que se concretizem, muitas coincidências precisam ocorrer. Algumas dessas coincidências são compreensíveis e facilmente ignoradas, mas outras podem ser mais incômodas, como o surgimento de Teru Mikami na reta final da história. Tudo se encaixa como um truque de mágica, apenas para nos levar à conclusão de que determinado personagem havia premeditado todo o desenrolar. Confesso que senti essa desconexão após minha segunda leitura, e sim, isso prejudica um pouco a imersão.
O mangá apresenta uma ampla gama de personagens, o que naturalmente resulta em acertos e erros, comuns em qualquer narrativa. Embora alguns se destaquem, outros personagens são, no mínimo, fracos ou até descartáveis. Death Note não está isento disso. Amane, apesar de seu carisma e função cômica, apresenta uma submissão excessiva a Yagami, o que acaba se tornando incômodo. Seus sacrifícios em nome de um amor idealizado, quase inexistente, também podem ser vistos como parte da suspensão de descrença que permeia a obra. O pior, porém, é a subutilização da personagem nos arcos finais, um desperdício de potencial. Mello, que poderia funcionar como um antagonista interessante para Ryuzaki, Yagami e Near, acaba perdendo força na trama e tendo um desfecho sem grande impacto — ou, pelo menos, tentam construir isso dessa forma. Outros personagens, como o pai de Raito, Soichiro Yagami, e Matsuda, são bem construídos, com espaço e personalidades próprias. No entanto, ainda existem aqueles que são facilmente descartáveis. O verdadeiro destaque, sem dúvida, reside na relação entre os rivais Ryuzaki e Yagami, cujos conflitos são o cerne da narrativa.
Com personalidades e objetivos semelhantes, mas caminhos distintos, os dois protagonizam os momentos mais marcantes da obra, com planos engenhosos e diálogos memoráveis. Assim como em Guerra Civil da Marvel, os fãs se dividem em dois grupos para defender suas respectivas visões. O mangá deixa claro seu posicionamento nesse embate, mas e os fãs? Quem está certo nesse conflito? Near, por sua vez, gera controvérsias entre os fãs devido à sua introdução no mangá e à semelhança de sua personalidade com a de L. Embora tenha algumas particularidades, o rapaz é menos dinâmico e carismático do que Ryuzaki, mas demonstra uma frieza ímpar em suas ações, o que traz uma nova camada ao confronto intelectual.
Apesar de alguns problemas, Death Note permanece como um dos mangás mais importantes de todos os tempos. Muitos fãs argumentam que, a partir da metade, a obra perde um pouco de sua qualidade, especialmente após uma reviravolta impactante e ousada, que poderia ter servido como o desfecho ideal. No entanto, ao continuar a trama, Death Note se repete em certos aspectos, mas também traz boas surpresas. O final, embora controverso, é satisfatório para muitos, com uma queda da máscara e uma ambiguidade intrigante. O sucesso da obra resultou em uma adaptação para anime, que obteve um reconhecimento ainda mais significativo, além de uma versão em live-action. No mangá, também foi lançado um one-shot, que apresenta um mundo pós-Kira, no qual um jovem recebe o Death Note de Ryuk.
O mangá apresenta uma trama complexa e envolvente, repleta de nuances filosóficas e morais sobre o poder de tirar vidas e a ambiguidade do conceito de justiça. O que você faria se tivesse o caderno em mãos? Usaria para obter crescimento financeiro? Buscar vingança pessoal? Eliminar políticos que repudia? Não o utilizaria? Ou talvez o venderia? Yagami, então, inicia um plano ambicioso ao usar o Death Note para eliminar criminosos, com o objetivo de construir um mundo ideal, livre de crimes e injustiças. À medida que suas ações se intensificam, ele deixa de se ver como um simples justiceiro e passa a se enxergar como uma entidade superior, o "deus do novo mundo". Neste processo, ele estabelece contato com Ryuk, o shinigami que originalmente possuía o caderno, sendo o único humano capaz dessa interação — exceto, é claro, por aqueles que também manipulam o Death Note. Não demora para que a sucessão de mortes de criminosos — quase todas causadas por ataques cardíacos, conforme a regra padrão do caderno, quando não há especificação sobre a causa — desperte discussões públicas, além de gerar mistério e um profundo sentimento de medo na sociedade.
Alguns passaram a idolatrar as mortes dos criminosos como atos de um deus, o que alimentava ainda mais o ego de Raito Yagami. Nos fóruns da internet, o suposto deus foi batizado como Kira. Enquanto isso, governos de diversos países, incluindo o Japão, iniciaram investigações com o intuito de descobrir o responsável — ou os responsáveis — pelos crimes. Diante da total incapacidade de encontrar qualquer pista concreta sobre o caso, restou apenas uma opção: contar com o trabalho do renomado superdetetive L (Ryuzaki), o mais famoso do mundo e conhecido por solucionar os casos mais complexos. L aceita a missão de capturar Kira e, em uma única investida, descobre que o assassino está no Japão, o que facilita o foco da investigação. Para cumprir a missão, ele forma uma equipe japonesa composta por uma pequena parte da polícia que se opõe ao justiceiro — inclusive o pai de Raito faz parte dessa força-tarefa. Curiosamente, Ryuzaki (nome falso do personagem) é um detetive cuja verdadeira identidade, incluindo nome e rosto, é desconhecida por quase todos. Vale lembrar que, para executar alguém com o Death Note, Kira precisa conhecer tanto o nome quanto o rosto da vítima. Conveniente, não?
Diante dessa dualidade, ocorre o brilhante embate entre Ryuzaki (L) e Raito Yagami (Kira) sobre a definição de justiça. De um lado, Yagami, sob a identidade de Kira, busca criar um "mundo melhor", ceifando centenas de vidas em sua cruzada. Em contrapartida, Ryuzaki (L) considera Kira apenas um assassino arrogante e infantil, dedicando-se a capturá-lo para que pague por seus crimes. Esse confronto, no entanto, ganha complexidade em virtude das personalidades dos dois jovens, que, além de extremamente inteligentes, são profundamente orgulhosos. A disputa transcende a mera questão de justiça e, em muitos momentos, assume um caráter pessoal: nenhum dos dois está disposto a ser superado pelo outro. Como consequência, suas ações tornam-se cada vez mais controversas. Yagami, por exemplo, chega ao ponto de eliminar inocentes para não ser descoberto, colocando em risco até mesmo sua própria família e evidenciando a corrupção total de seus princípios. L, por sua vez, também se mostra implacável em sua determinação de vencer, manipulando pessoas, colocando vidas alheias em risco e utilizando todos os meios possíveis para concretizar seus planos. Esse embate, repleto de nuances morais e psicológicas, revela não apenas uma luta pela justiça, mas também os limites éticos que ambos estão dispostos a transgredir em nome de suas convicções.
A história se destaca por apresentar múltiplas reviravoltas de forma envolvente, ampliando o mistério e dinamismo entre os personagens. A narrativa explora elementos como a parceria complexa entre L e Yagami, o surgimento de uma nova Kira, a perda de memória, um terceiro Kira, uma empresa corrupta, intrincados planos estratégicos, mortes impactantes e ainda mais reviravoltas. Dessa forma, torna-se impossível não se prender à trama. Embora os textos sejam por vezes expositivos, eles cumprem o papel de esclarecer os elaborados e sofisticados planos dos rivais, levando o leitor a refletir profundamente e abrindo espaço para teorias surpreendentes. Mesmo em um ambiente marcado por tensão e desafios intelectuais de alto nível, a obra reserva momentos para o humor, especialmente com as presenças de Matsuda e Misa Amane. Até mesmo L, com seu comportamento peculiar, revela traços excêntricos que o consagram como um dos maiores ícones entre os fãs de mangás e animes.
A trama também se destaca por oferecer momentos de ação intensos e bem distribuídos, como a brilhante emboscada durante o confronto contra o terceiro Kira, com a participação decisiva de Ryuzaki e Yagami. Pessoalmente, aprecio a cena em que uma equipe encarregada de capturar Kira é encurralada em um prédio por populares e fanáticos, seguidores do "deus". No entanto, um aspecto que pode representar um desafio para leitores mais exigentes é a suspensão de descrença que permeia quase todos os volumes do mangá. Devido à genialidade de L, Kira e, posteriormente, Near, seus planos são (quase) infalíveis, mas, para que se concretizem, muitas coincidências precisam ocorrer. Algumas dessas coincidências são compreensíveis e facilmente ignoradas, mas outras podem ser mais incômodas, como o surgimento de Teru Mikami na reta final da história. Tudo se encaixa como um truque de mágica, apenas para nos levar à conclusão de que determinado personagem havia premeditado todo o desenrolar. Confesso que senti essa desconexão após minha segunda leitura, e sim, isso prejudica um pouco a imersão.
O mangá apresenta uma ampla gama de personagens, o que naturalmente resulta em acertos e erros, comuns em qualquer narrativa. Embora alguns se destaquem, outros personagens são, no mínimo, fracos ou até descartáveis. Death Note não está isento disso. Amane, apesar de seu carisma e função cômica, apresenta uma submissão excessiva a Yagami, o que acaba se tornando incômodo. Seus sacrifícios em nome de um amor idealizado, quase inexistente, também podem ser vistos como parte da suspensão de descrença que permeia a obra. O pior, porém, é a subutilização da personagem nos arcos finais, um desperdício de potencial. Mello, que poderia funcionar como um antagonista interessante para Ryuzaki, Yagami e Near, acaba perdendo força na trama e tendo um desfecho sem grande impacto — ou, pelo menos, tentam construir isso dessa forma. Outros personagens, como o pai de Raito, Soichiro Yagami, e Matsuda, são bem construídos, com espaço e personalidades próprias. No entanto, ainda existem aqueles que são facilmente descartáveis. O verdadeiro destaque, sem dúvida, reside na relação entre os rivais Ryuzaki e Yagami, cujos conflitos são o cerne da narrativa.
Com personalidades e objetivos semelhantes, mas caminhos distintos, os dois protagonizam os momentos mais marcantes da obra, com planos engenhosos e diálogos memoráveis. Assim como em Guerra Civil da Marvel, os fãs se dividem em dois grupos para defender suas respectivas visões. O mangá deixa claro seu posicionamento nesse embate, mas e os fãs? Quem está certo nesse conflito? Near, por sua vez, gera controvérsias entre os fãs devido à sua introdução no mangá e à semelhança de sua personalidade com a de L. Embora tenha algumas particularidades, o rapaz é menos dinâmico e carismático do que Ryuzaki, mas demonstra uma frieza ímpar em suas ações, o que traz uma nova camada ao confronto intelectual.
Apesar de alguns problemas, Death Note permanece como um dos mangás mais importantes de todos os tempos. Muitos fãs argumentam que, a partir da metade, a obra perde um pouco de sua qualidade, especialmente após uma reviravolta impactante e ousada, que poderia ter servido como o desfecho ideal. No entanto, ao continuar a trama, Death Note se repete em certos aspectos, mas também traz boas surpresas. O final, embora controverso, é satisfatório para muitos, com uma queda da máscara e uma ambiguidade intrigante. O sucesso da obra resultou em uma adaptação para anime, que obteve um reconhecimento ainda mais significativo, além de uma versão em live-action. No mangá, também foi lançado um one-shot, que apresenta um mundo pós-Kira, no qual um jovem recebe o Death Note de Ryuk.
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