Bom Garoto (2022)
Uma premissa promissora que perde força na execução. Segue, também, uma interpretação do perturbador final da obra.
por Giovani Zanirati.
Bom Garoto (2022)
Direção: Viljar Bøe
Roteiro: Viljar Bøe
País: Noruega
Nota: 05/10
Direção: Viljar Bøe
Roteiro: Viljar Bøe
País: Noruega
Nota: 05/10
O filme Bom Garoto (2022), dirigido e roteirizado por Viljar Bøe, chamou a atenção dos fãs de terror por sua premissa intrigante e mórbida, além de um suspense psicológico que explora as excentricidades e obsessões humanas. Apesar da ideia promissora, a obra enfrenta desafios na construção de um enredo envolvente, com uma execução que exige alta suspensão de descrença e atuações inconsistentes. Bom Garoto é uma produção norueguesa que divide opiniões, tanto por sua narrativa quanto pelo impacto de seu desfecho - que, particularmente, foi o famoso soco no estômago.
A história acompanha Sigrid (Katrine Lovise Opstad), uma jovem que conhece Christian (Gard Lokke) em um aplicativo de relacionamento. De início, o encontro parece promissor: ele é carismático, educado, e demonstrava ser o "par ideal". No entanto, ao visitar a casa de Christian, a jovem faz uma descoberta inquietante: ele divide a residência com Frank, um homem adulto que se veste e se comporta como um cachorro. Bizarro?
Chocada com a situação, ela inicialmente decide se afastar. Contudo, convencida por uma amiga interesseira — que destaca os atributos de Christian, como sua fortuna e boa aparência —, Sigrid resolve dar uma segunda chance, aceitando a "bizarrice" de Frank. Aos poucos, ela se envolve amorosamente com o rapaz, mas começa a questionar a estranha dinâmica entre ele e o homem-cachorro. O que teria levado Frank a assumir tal comportamento? Qual seria o verdadeiro papel de Christian nesta relação?
O filme constrói um clima de suspense ao explorar essas questões, mas o faz de forma pouco convincente. Muitos eventos dependem de uma suspensão de descrença exagerada, e a narrativa se perde em cenas desnecessárias e um ritmo lento. Apesar de seu potencial, Bom Garoto falha em entregar um suspense eficaz. O elenco reduzido não sustenta o peso da narrativa. As atuações oscilam, e a construção do clima de tensão é prejudicada por escolhas de roteiro que diluem a imersão do espectador.
No terceiro ato, o filme adota um tom ainda mais sombrio, com segredos sendo revelados, culminando em cenas de desconforto extremo. Dessa forma, a obra ganha uma dimensão mais significativa, com destaque para atuação de Gard Lokke. Embora longe de ser um filme satisfatório, Bom Garoto provoca reflexões sobre temas como privilégio, excentricidade e as dinâmicas de dominação em contextos extremos. Os perigos de encontros nas redes socias, como aplicativos de relacionamento, podem ser vistos coma mesma perspectiva. Afinal de contas, a carência e a ignorância, levam o ser humano a tomar atitudes perigosas, como encontros quase as cegas. O filme sugere como o poder e o tédio podem levar a comportamentos perversos e desumanos, mas sua execução irregular impede que a obra alcance todo o seu potencial.
Mas e o final? O desfecho apresenta certa ambiguidade, abrindo espaço para interpretação, mas mantendo o nível do horror. Ou seja, a partir desse ponto do texto, spoiler são apresentados. É revelado que Christian usa sua riqueza e poder para transformar Frank em um homem-cachorro, exercendo uma forma doentia de dominação. Quando Sigrid tenta escapar, o desfecho toma proporções ainda mais perturbadoras, onde os dois são capturados - além disso, Frank seria espancado. Após um período em que Christian mantém tanto Sigrid quanto Frank como "cachorros humanos", surge a figura de um bebê, aparentemente alguns meses de vida, também vestido como cachorro.
Essa cena levanta questões sombrias: seria o bebê fruto da relação entre Sigrid e Christian, durante o período de paz ou Frank estaria envolvido, considerando diálogos prévios que sugerem essa possibilidade? Em um momento da obra, a jovem questiona se Frank fazia sexo. De maneira sarcástica, Christian pergunta se ela seria voluntária e ela responde, também em tom de humor, que sim. Ou seja, fica a ideia que o psicopata forçou Frank e Sigrid a terem uma relação para gerar a criança e, assim, construir uma família para dominar. O impacto dessa conclusão é desconcertante, remetendo ao desconforto gerado por filmes como Megan is Missing (2011). Este paralelo se conecta pelo tema pesado, porém mais próximo do real, onde não oferece um sinal de esperança - muito pelo contrário.
A história acompanha Sigrid (Katrine Lovise Opstad), uma jovem que conhece Christian (Gard Lokke) em um aplicativo de relacionamento. De início, o encontro parece promissor: ele é carismático, educado, e demonstrava ser o "par ideal". No entanto, ao visitar a casa de Christian, a jovem faz uma descoberta inquietante: ele divide a residência com Frank, um homem adulto que se veste e se comporta como um cachorro. Bizarro?
Chocada com a situação, ela inicialmente decide se afastar. Contudo, convencida por uma amiga interesseira — que destaca os atributos de Christian, como sua fortuna e boa aparência —, Sigrid resolve dar uma segunda chance, aceitando a "bizarrice" de Frank. Aos poucos, ela se envolve amorosamente com o rapaz, mas começa a questionar a estranha dinâmica entre ele e o homem-cachorro. O que teria levado Frank a assumir tal comportamento? Qual seria o verdadeiro papel de Christian nesta relação?
O filme constrói um clima de suspense ao explorar essas questões, mas o faz de forma pouco convincente. Muitos eventos dependem de uma suspensão de descrença exagerada, e a narrativa se perde em cenas desnecessárias e um ritmo lento. Apesar de seu potencial, Bom Garoto falha em entregar um suspense eficaz. O elenco reduzido não sustenta o peso da narrativa. As atuações oscilam, e a construção do clima de tensão é prejudicada por escolhas de roteiro que diluem a imersão do espectador.
No terceiro ato, o filme adota um tom ainda mais sombrio, com segredos sendo revelados, culminando em cenas de desconforto extremo. Dessa forma, a obra ganha uma dimensão mais significativa, com destaque para atuação de Gard Lokke. Embora longe de ser um filme satisfatório, Bom Garoto provoca reflexões sobre temas como privilégio, excentricidade e as dinâmicas de dominação em contextos extremos. Os perigos de encontros nas redes socias, como aplicativos de relacionamento, podem ser vistos coma mesma perspectiva. Afinal de contas, a carência e a ignorância, levam o ser humano a tomar atitudes perigosas, como encontros quase as cegas. O filme sugere como o poder e o tédio podem levar a comportamentos perversos e desumanos, mas sua execução irregular impede que a obra alcance todo o seu potencial.
Mas e o final? O desfecho apresenta certa ambiguidade, abrindo espaço para interpretação, mas mantendo o nível do horror. Ou seja, a partir desse ponto do texto, spoiler são apresentados. É revelado que Christian usa sua riqueza e poder para transformar Frank em um homem-cachorro, exercendo uma forma doentia de dominação. Quando Sigrid tenta escapar, o desfecho toma proporções ainda mais perturbadoras, onde os dois são capturados - além disso, Frank seria espancado. Após um período em que Christian mantém tanto Sigrid quanto Frank como "cachorros humanos", surge a figura de um bebê, aparentemente alguns meses de vida, também vestido como cachorro.
Essa cena levanta questões sombrias: seria o bebê fruto da relação entre Sigrid e Christian, durante o período de paz ou Frank estaria envolvido, considerando diálogos prévios que sugerem essa possibilidade? Em um momento da obra, a jovem questiona se Frank fazia sexo. De maneira sarcástica, Christian pergunta se ela seria voluntária e ela responde, também em tom de humor, que sim. Ou seja, fica a ideia que o psicopata forçou Frank e Sigrid a terem uma relação para gerar a criança e, assim, construir uma família para dominar. O impacto dessa conclusão é desconcertante, remetendo ao desconforto gerado por filmes como Megan is Missing (2011). Este paralelo se conecta pelo tema pesado, porém mais próximo do real, onde não oferece um sinal de esperança - muito pelo contrário.
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