Outside (2024)

Outside (2024) 

Uma experiência que mistura o convencional com elementos particulares.

por Giovani Zanirati.


Outside (2024)
Direção: Carlo Ledesma
Roteiro: Carlo Ledesma, Anto Santamaria
País: Filipinas
Nota: 07/10

Se você é fã de filmes sobre zumbis, Outside (2024), da Netflix, oferece uma experiência que mistura o convencional com elementos particulares, tentando se destacar em um gênero frequentemente criticado por sua falta de inovação. Embora siga pilares clássicos das narrativas de apocalipse zumbi a obra de Carlo Ledesma busca explorar nuances psicológicas, trazendo um frescor à temática.

Enquanto a maioria das produções do gênero tende a focar no confronto direto com mortos-vivos ou conflitos entre grupos humanos, Outside prioriza o terror psicológico. Aqui, a verdadeira ameaça não está apenas nos zumbis, mas na degradação mental e emocional dos personagens centrais, tornando a própria casa no maior perigo. Essa perspectiva remete, ainda que timidamente, ao impacto psicológico presente em obras como O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, mas sem atingir o mesmo nível de profundidade narrativa.

O filme apresenta uma família em busca de abrigo em meio a um cenário caótico e sem explicações sobre o surto zumbi. A narrativa ganha forma quando Francis (Sid Lucero), o patriarca, decide refugiar sua esposa Iris (Beauty Gonzales) e filhos, Josh (Marco Masa) e Lucas (Aiden Tyler Patdu) na antiga casa dos pais. Lá, eles encontram o avô morto por suicídio e a avó transformada em zumbi – uma cena que simboliza o ponto de ruptura para a família. Após eliminar a matriarca transformada, ele se instala no local com a esposa e os dois filhos.

O maior mérito está no drama familiar e nos segredos que gradualmente vêm à tona. Francis, que inicialmente parece um pai zeloso, revela-se cada vez mais instável à medida que a narrativa avança. Manipulado emocionalmente pelos próprios traumas, ele se torna uma ameaça potencial à sua família. O isolamento na casa, apresentado como uma escolha para proteger os entes queridos, se revela também uma estratégia de controle e paranoia, levantando a questão: até que ponto suas intenções são genuínas?

Por consequência, para os amantes do gênero, a obra pode gerar certa decepção, pela presença pouco significativa dos monstros. Ou seja, não se trata de uma obra, onde a cada cinco minutos as criaturas vão atacar e gerar a típica violência. Curiosamente, os zumbis também representam um acerto: eles trazem características intrigantes que os diferenciam de obras tradicionais.

Embora não sejam uma ameaça constante, sua presença é perturbadora, onde movimentam-se com agilidade e têm a capacidade de repetir as últimas palavras ditas antes de morrerem, criando um clima de desconforto. O uso de efeitos práticos eleva a experiência, ajudando a construir momentos visualmente impactantes. Contudo, essa inovação acaba gerando expectativas que nem sempre são correspondidas pela trama, resultando em uma certa frustração no público.

Apesar de momentos de tensão bem executados, Outside peca por sua cadência irregular. Repetições de cenas e diálogos, além de um desenvolvimento que muitas vezes parece circular, comprometem o ritmo do filme. O clímax, que tenta surpreender com um desfecho chocante, soa forçado e inorgânico, prejudicando a coesão geral da obra.

Por fim, é uma produção que provavelmente dividirá opiniões. Sua tentativa de inovar no gênero de zumbis é louvável, mas a execução não atinge todo o seu potencial. Para quem aprecia histórias mais focadas no drama psicológico do que na ação, a obra pode oferecer uma experiência interessante. Entretanto, quem busca um terror mais intenso e visceral pode se decepcionar.

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