Não se Mexa (2024)

Não se Mexa (2024) 

Do luto à luta.

por Giovani Zanirati.



Não se Mexa (2024)
Direção: Brian Netto, Adam Schindler
Roteiro: David White, Cimfel
Pais: Estados Unidos
Nota: 06/10

Mais uma produção da Netflix ganha destaque entre os fãs de suspense e terror. Com a assinatura do renomado cineasta Sam Raimi na produção, o filme oferece uma premissa aparentemente convencional, mas com uma abordagem interessante ao tratar de temas como luto e superação. A história explora personagens que perderam o propósito na vida e enfrentam uma verdadeira prova de resistência para redescobrir o significado de estar vivo. A premissa lembra, de certa forma, Jogos Mortais, onde Jigsaw testa a determinação de indivíduos desiludidos através de métodos brutais.

Na trama, acompanhamos Iris (Kelsey Chow), uma jovem que, após a trágica perda de seu filho, afunda em um profundo luto e depressão. No dia em que decide tirar a própria vida em uma montanha isolada, ela é interrompida por um homem enigmático chamado Richard (Finn Wittrock). Ele tenta dissuadi-la do suicídio, dialogando sobre o passado e a importância de seguir em frente. No entanto, esse homem revela-se um psicopata, que utiliza um veneno para paralisar Iris, deixando-a indefesa e iniciando assim sua luta pela sobrevivência.

Embora a premissa seja comum, o filme oferece um começo cativante ao desenvolver os personagens principais de maneira direta e sem rodeios, mesmo que com certa previsibilidade. Logo, o espectador percebe que o homem estranho é o vilão da história e que, inevitavelmente, algo terrível ocorrerá. Ainda assim, os diálogos e a construção dos personagens – com o uso pontual de flashbacks para contextualizar o passado da jovem – conseguem criar uma conexão emocional com o público.

A narrativa, no entanto, perde força quando o psicopata entra em ação. A introdução de novos personagens e situações fragmenta o enredo, diluindo o suspense e transformando o filme em uma perseguição clichê. Assim, o roteiro acaba exigindo uma suspensão de descrença significativa, ao forçar acontecimentos que conduzem diretamente ao desfecho. Essa abordagem lembra a de Armadilha (2024) de M. Night Shyamalan, mas, ao tentar se manter em um tom mais sério, o filme sacrifica sua intensidade, especialmente em seus momentos finais.

Um dos maiores problemas da obra é justamente o vilão. Em uma tentativa de torná-lo mais humano ou realista, ele acaba sendo retratado de forma desajeitada e confusa – características que poderiam até funcionar em uma comédia, mas que aqui tornam o enredo incoerente. Suas motivações são mal explicadas e ligadas a um trauma de forma pouco convincente, e seus erros diante de uma vítima incapaz de se mover tornam a história quase absurda.

Ao final, a mensagem do filme se torna clara, especialmente no que diz respeito à jornada emocional de Iris. Seu sofrimento e depressão, decorrentes da perda do filho, a levaram ao limite, mas a possibilidade de se tornar vítima desse homem desperta nela uma força bruta pela sobrevivência. Ainda que contenha alguns momentos de tensão, Não se Mexa acaba sendo um thriller esquecível, marcado por clichês de perseguição e suspense.

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