Os Fantasmas Ainda se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice (2024)

Os Fantasmas Ainda se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice (2024)


Nostálgico e divertido. Mas é só isso.


por Giovani Zanirati


Os Fantasmas Ainda se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice (2024)
Direção: Tim Burton
Roteiro: Alfred Gough, Miles Millar
País: Estados Unidos
Nota: 07/10

Uma das lições que aprendi como pseudocrítico é que uma obra deve ser avaliada de acordo com suas próprias intenções. Exigir uma narrativa complexa de um filme que tem, como principal objetivo, o entretenimento parece-me um equívoco. Contudo, isso não implica que um trabalho voltado para "divertir" esteja isento de críticas construtivas. Se um filme falha em cumprir seu propósito, qual é, então, o sentido de sua existência? É fundamental que o roteiro mantenha coesão e sentido, assim como que os aspectos de cinematografia e produção sejam adequados. A ideia de que "basta desligar o cérebro" não ressoa comigo. Existem filmes que aspiram à complexidade e falham, assim como há muitos com propostas mais simples que também são insatisfatórios. É crucial reconhecer que o oposto também ocorre.

A nova produção, Beetlejuice Beetlejuice, se apresenta como uma obra que não almeja grandes propósitos, exceto pela busca de diversão e apelo comercial. Enquanto o primeiro filme, lançado em 1988, destacou-se pela criatividade, humor ácido e críticas sociais típicas de Tim Burton em sua fase inicial, a sequência revela-se inferior em quase todos os aspectos. Não se trata de um filme ruim ou ofensivo; em meio a uma onda de remakes e fórmulas repetitivas, Beetlejuice Beetlejuice mantém um tom de respeito, nostalgia e conexão com a contemporaneidade. Além disso, em alguns momentos, consegue divertir o público. No entanto, sua narrativa é marcada por subtramas pouco impactantes e desenvolvidas de maneira simplista, incapazes de justificar a presença de determinados personagens.

A história inicia-se com a nova geração da família Deetz, que se reúne após a trágica morte do patriarca, Charles Deetz. O ator Jeffrey Jones, que interpretou o personagem no filme original, não retornou à sequência, possivelmente devido a controvérsias ocorridas desde os anos 2000. O destino cômico de Charles é retratado em stop motion, onde ele, após um acidente de avião, é devorado por um tubarão. Lydia (Winona Ryder), ainda assombrada pelo passado, tornou-se apresentadora de um programa paranormal e recebe a notícia pela madrasta, Delia (Catherine O’Hara). Juntas, elas decidem informar Astrid (Jenna Ortega), filha de Lydia e uma jovem ativista universitária.

O início é engraçado, especialmente pela performance excêntrica de Catherine O’Hara ao lidar com a morte de Charles. No entanto, o foco recai sobre a relação entre Lydia e Astrid, que se sente excluída pela mãe, mais interessada em sua vida bizarra no programa de TV do que em estar com a própria filha. Além disso, Astrid enfrenta a perda do pai, que faleceu em uma tentativa altruísta de salvar a Amazônia. Essa conexão entre as personagens femininas as leva de volta à cidade onde os eventos do primeiro filme ocorreram, fazendo com que a história se repita.

O principal problema, conforme mencionado, reside nas subtramas apresentadas pelo roteiro, que poderiam se desenvolver organicamente em uma série ao estilo de Wandinha, da Netflix. O filme, no entanto, falha em envolver o espectador, alternando entre o dilema de Lydia (que se preocupa com seu casamento peculiar, a filha e o Besourosuco) e o romance de Astrid com um jovem solitário e aparentemente estranho. Além disso, há um desvio considerável para o passado de Besourosuco, que, atormentado, tenta escapar de sua esposa Delores (Mônica Bellucci). A participação desta última é inicialmente interessante, principalmente pelo aspecto visual, mas torna-se desnecessária e saturada ao longo da narrativa.

Apesar das reviravoltas que surgem ao longo da trama, elas não geram um impacto emocional significativo no desfecho dos personagens. Contudo, mesmo diante de um enredo morno, o filme captura alguns momentos de graça. Michael Keaton, com mais presença do que no primeiro filme, brilha com sua atuação caricata, expressões grotescas e decisões de pura vilania. Um sujeito casastrão e engraçado. Beetlejuice Beetlejuice pode ser considerado um entretenimento razoável, evocando espanto e nostalgia por meio de seu visual peculiar, uso constante da cor preta e personagens excêntricos que remetem ao universo de Tim Burton. Trata-se de uma obra menos inspirada e, lamentavelmente, que preenche apenas parcialmente sua proposta inicial.

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