Halloween 2 – O Pesadelo Continua (1981)

Halloween 2 – O Pesadelo Continua (1981)

A perseguição de Michael Myers ganha um sentido.

por Giovani Zanirati


Halloween 2 – O Pesadelo Continua (1981)
Direção: Rick Rosenthal
Roteiro: John Carpenter, Debra Hill
País: Estados Unidos
Nota: 07/10

Halloween: A Noite do Terror (1978) foi um marco no cinema, alcançando tanto sucesso crítico quanto comercial. A trama impactante que gira em torno de Michael Myers (Nick Castle), do Dr. Samuel Loomis (Donald Pleasence) e de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) ajudou a moldar as características do gênero slasher, influenciando uma infinidade de filmes subsequentes. Contudo, o sucesso traz consigo a inevitável sequência. Na época, John Carpenter e Debra Hill não tinham interesse em retomar a história de Myers, buscando explorar novas narrativas de terror. No entanto, a pressão dos produtores levou à continuação do embate entre o vilão, o médico e a heroína.

Após intensas discussões com investidores, os direitos da trama foram adquiridos pelo italiano Dino De Laurentiis, e Carpenter acabou retornando à franquia, embora apenas como roteirista. O mesmo se aplica a Hill. A direção ficou a cargo do novato Rick Rosenthal. Pleasence e Curtis retornaram ao elenco, com a última concordando em participar como forma de agradecimento a Carpenter e Hill, pois seu desejo era se afastar da franquia para se concentrar em outros projetos. Mal sabia ela que retornaria ao papel em mais cinco oportunidades.

Halloween II começa com Michael Myers escapando do Dr. Loomis, após ter sido alvejado seis vezes. Enquanto Myers vagueia pelas ruas de Haddonfield, em meio a jovens fantasiados para a festa de Halloween, Laurie é levada para um hospital. Loomis e a polícia iniciam a busca pelo assassino, já responsável por três mortes.

Desde o início, Rosenthal tenta recriar a atmosfera de suspense do filme original, utilizando ângulos de câmera que oferecem a perspectiva do assassino ou escondida nas sombras. Entretanto, falta ao filme o charme e a sofisticação de John Carpenter. Outro ponto notável é a troca do ator que interpreta Michael Myers. Apesar de a atuação exigir apenas que ele caminhe e cometa assassinatos, Castle trouxe uma presença assustadora no clássico de 1978 que está ausente nesta sequência. A nova máscara do vilão, criada após a perda da original, é menos impactante e possui diferenças visíveis.

O segundo filme se diferencia do original em vários aspectos. Inspirando-se em Sexta-feira 13 (1980), a produção optou por um aumento na violência explícita, ampliando o número de assassinatos. O diretor, sob pressão de executivos e do próprio Carpenter, foi compelido a adicionar mais cenas de gore, resultando em personagens pouco desenvolvidos que servem apenas como vítimas. Além disso, o enredo exige uma suspensão da descrença em certos momentos, como os erros da polícia que culminam na morte de um inocente, ou a quase desolação do hospital, que só conta com alguns funcionários e Laurie, facilitando os planos de vilão.

Embora a presença de Myers seja menos aterrorizante por esses motivos, a perseguição a Laurie Strode ganha um novo significado após uma revelação que conecta vilão e vítima. Gradualmente, a franquia começa a retirar o peso misterioso em torno do vilão, que era anteriormente visto como uma força sem motivos ou emoções. Michael Myers adquire um propósito, e Carpenter se arrependeu amargamente desse desenvolvimento, considerando a sequência um erro.

Em relação aos personagens principais, ocorre uma inversão de importância. Laurie, que tinha destaque no primeiro filme, perde espaço e passa a maior parte do tempo inerte e sem diálogo. Em suas raras reações, não questiona as mortes de seus amigos. Por outro lado, Loomis se torna mais complexo, mostrando um aumento de estresse e medo, e tomando decisões que refletem tanto seu interesse no bem-estar das pessoas, como questões pessoais. Aparentemente, ele se sente culpado pelos novos crimes do monstro e, desta forma, ele busca resolver tudo. Na morte de um inocente, ele não demonstra lamento; sua luta contra o mal prevalece, independentemente das consequências. Ao longo da franquia, sua personalidade se torna ainda mais intricada e polêmica, a ponto de usar uma criança como isca para capturar Myers.

Halloween II, apesar de suas falhas e de ser considerado um colossal erro por Carpenter, consegue se justificar. A trama é razoavelmente divertida, principalmente à excelente performance de Pleasence e à fotografia inovadora de Dean Cundey. O clímax é o ponto alto do filme, elevando a tensão e a loucura, oferecendo um desfecho para o aterrador confronto entre o bem e o mal. Com o tempo, "Halloween" se transformou em uma longa série, com três linhas do tempo diferentes, um remake e sua sequência, totalizando 12 filmes.

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