Dinastia M (2005)

Uma das tramas mais pesadas da Marvel.

por Giovani Zanirati

Dinastia M (2005)
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Olivier Coipel, Tim Townsend
Edições: 08
Editora: Marvel Comics

País: Estados Unidos
Nota: 09/10

Os eventos se desenrolam após Vingadores: A Queda (2004), quando uma insana Wanda Maximoff foi a principal responsável pelo fim dos Vingadores, com as mortes de Visão, Homem-Formiga e Gavião Arqueiro. Caso tenha interesse, o perfil também escreveu uma análise do arco. Os Vingadores e os X-Men, a pedido do Professor Xavier, se reúnem para debater como lidar com a mutante, porém sem maiores perspectivas de conseguir ajudá-la. Nem mesmo Xavier, uma dos telepatas mais poderosos do mundo, consegue conter o surto de Maximoff. Dr. Estranho, o mestre da força mística, também não encontrava uma solução. Magneto, pai da Feiticeira, não tinha esperança.

Assim, a partir de uma ideia de Emma Frost, alguns concluem que a única solução seria eliminá-la, gerando uma divisão no grupo. Enquanto isso, Pietro ao descobrir o plano pede ajuda para o pai, Magneto, mas percebe que está sozinho nesta luta para proteger a irmã. Entretanto, quando o grupo tenta mais uma vez dialogar com Wanda e encontrar uma solução, ela cria uma nova realidade distorcida.

A vida dos heróis muda radicalmente, e ninguém se recorda do que ocorreu. Neste novo mundo, os mutantes são a maioria e os humanos, uma raça quase extinta, resultado de uma revolta liderada por Magneto, com a colaboração de Xavier. Magneto tornou-se o líder desta realidade, conhecida como a Dinastia M. Os demais vivem suas vidas como verdadeiros sonhos. Peter Parker, por exemplo, é casado com Gwen Stacy e seu filho. Além disso, o Tio Ben está vivo. Os mutantes, além de maioria no planeta, levam vidas harmoniosas e felizes.

Contudo, Wolverine, um agente da SHIELD, começa a ter vislumbres de sua vida anterior e descobre que esta utopia para os mutantes é, na verdade, uma farsa. Um dos fatores decisivos para a reflexão de Logan foi que todas as suas lembranças em vida foram recuperadas. Ou seja, algo estava errado. Após ser perseguido pelos seus "colegas", ele é salvo por uma resistência humana oprimida, liderada por Luke Cage. Nessa nova realidade os papéis se inverteram, e parte dos humanos (anteriormente opressores de mutantes) passaram a ser alvos de perseguição, inclusive de sentinelas.

Ao conseguir convencer os novos aliados, Logan inicia uma luta para reverter essa situação. Ele conta com o apoio de reforços significativos: Lyla (uma mutante com habilidade de visualizar alterações da realidade) e Frost (com a capacidade de ler as mentes). É através das duas, que as memórias dos demais, inclusive o Homem Aranha, são recuperadas. Curiosamente, o Capitão América fica de fora porque ele não foi congelado, e o soro do super soldado perdeu efeito, e, desta forma, ele ficou envelhecido e, portanto, de nenhuma utilidade. Reed e Sue Richards, do Quarteto Fantástico, morreram em um acidente espacial.

O grupo acredita que Magneto é o responsável por manipular Wanda, visto que todas as circunstâncias favorecem seus desejos. Afinal de contas, por ser o líder da revolução mutante, ele ganhou grandes status, visto como um messias e respeitado por diversas lideranças, como Namor, T Chala, Tempestade e Victor Von Doom. Uma vida em harmonia. Ao lado dos filhos e netos, ele vive em Genosha. Desta maneira, o grupo liderado por Logan tem como objetivo eliminar o vilão de uma vez por todas e reverter este cenário. Mas será que é o ideal? Imagina Parker ter que reverter uma vida realmente feliz, algo que nunca teve na realidade?

Dinastia M é uma obra fascinante, marcada pela dualidade entre realidade e fantasia. Uma vida perfeita, mas construída sobre mentiras e ilusões, tem o poder de manipular qualquer indivíduo? Como reagir diante está circunstância? Ou será que tudo não passa de um estopim para o destino da humanidade? Embora a presença de Wanda na trama seja breve (aqui ela é uma humana sem poderes), Dinastia M oferece mais um estudo profundo sobre seu vasto poder e sua capacidade monstruosa de alterar a realidade, tornando-a uma ameaça involuntária até maior que os principais vilões da Marvel.

Esta saga é essencial para os fãs dos quadrinhos. Embora construa uma narrativa independente, provoca uma transformação profunda no universo do estúdio, especialmente pelo final espetacular, surpreendente, épico e trágico. Com oito edições, a obra contém cenas de ação, drama e diversos diálogos expositivos, mas que se mostram fundamentais e orgânicos para a trama. Além disso, apresenta uma arte de alta qualidade de Oliver Coipel que enriquece a fluidez da leitura.