Yu Yu Hakusho (2023)

Yu Yu Hakusho (2023)

Potencial desperdiçado


por Giovani Zanirati


Yuyu Hakusho (2023)
Criação: Tatsuro Mishima
Episódios: 05
País: Japão
Nota: 7,5/10

Antes de publicar um artigo no blog, costumo elaborar um rascunho que reúne todas as minhas impressões sobre um filme ou série, destacando elementos positivos e negativos. Em seguida, analiso críticas de especialistas, tanto em texto quanto em vídeo, o que me permite identificar pontos que talvez tenha deixado passar ou revisar interpretações equivocadas. No caso da série Yu Yu Hakusho, a adaptação live action do clássico anime, fiquei impressionado com a semelhança de opiniões entre críticos, sugerindo que muitos compartilham dessa perspectiva.

O mangá, escrito por Yoshihiro Togashi entre 1990 e 1994, alcançou grande sucesso comercial ao narrar a história de Yusuke Urameshi, um jovem que, após ser ressuscitado, se torna um detetive sobrenatural. Com 175 capítulos divididos em 19 volumes, Yu Yu Hakusho marcou gerações. Sua adaptação para anime fez estrondoso sucesso no Brasil, transmitida por Tikara Filmes e TV Manchete entre 1997 e 1998.

E quanto ao live action? Fãs de mangás e animes geralmente encaram adaptações com ceticismo, lembrando dos fracassos como Dragon Ball Evolution (2009), Death Note (2017) e Os Cavaleiros do Zodíaco- Saint Seiya: O Começo (2023). No entanto, o sucesso de One Piece (2023) na Netflix trouxe um novo otimismo para produções de qualidade. O live action de Yu Yu Hakusho teve o potencial de se tornar uma grande obra, capaz de impactar novas gerações. Contudo, enfrenta um desafio crucial: a limitação de cinco episódios. Como desenvolver uma trama complexa e personagens em um espaço tão curto?

A série da Netflix segue a história do jovem rebelde Urameshi (Takumi Kitamura), que morre atropelado ao salvar uma criança. Sua ação altruísta surpreende o Mundo Espiritual, impossibilitando sua ascensão ao céu ou ao inferno. Assim, sob a orientação de sua guia espiritual, Botan (Kotone Furukawa), e do líder Koenma (Keita Machida), ele é ressuscitado e ganha uma nova oportunidade como Detetive Espiritual, encarregado de resolver casos envolvendo youkais (demônios) que ameaçam a humanidade.

Desde o início, a série se distingue do anime, apresentando um tom mais sombrio e violento, especialmente no qualificado primeiro episódio. Nos episódios subsequentes, essa característica se destaca nas intensas batalhas do protagonista contra demônios. A ação, com excelente movimentação de câmera, poucos cortes e efeitos especiais bem executados, mantém o espectador empolgado, especialmente na emocionante batalha final contra Toguro (Go Ayano).

A caracterização da série e dos personagens é convincente. Fãs reconhecerão facilmente figuras icônicas, como Urameshi, que brilha como o melhor da narrativa, e Toguro, com suas transformações. Em termos de atuação, Kitamura entrega uma interpretação interessante do anti-herói, mantendo semelhanças com o protagonista do anime, mas trazendo uma singularidade através de suas expressões e gestos.

No entanto, o número reduzido de episódios se revela uma limitação significativa. A trama avança de maneira acelerada até o fim do Arco do Torneio, parecendo desinteressada em conquistar um novo público. Isso resulta em lacunas na interação entre os personagens. Por exemplo, fora a rivalidade entre Urameshi e Kuwabara (Shuhei Uesugi), a profundidade parece superficial, levando a um tratamento quase descartável de personagens fundamentais como Kurama e Hiei, que aparecem apenas por fazerem parte da narrativa original. O treinamento de Genkai, interpretada por Meiko Kali, um momento crucial do anime, é apresentado de forma pouco envolvente, carecendo da dinâmica necessária entre mestre e discípulo.

Em suma, a série representa um grande potencial não explorado. Apesar da ousadia em criar um ambiente sombrio e da beleza nas cenas de ação, a trama poderia ser muito mais rica e envolvente com um espaço maior para contextualizar a história e desenvolver os personagens. Isso deixaria um sentimento de satisfação tanto para novos quanto para antigos admiradores. A produção da Netflix, portanto, parece focar em um espetáculo visual de ação e coreografia, que, embora bem executado, não é suficiente para compensar a falta de profundidade na narrativa de Yu Yu Hakusho.

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