O final de Lost - eles não estavam mortos.
por Giovani Zanirati
A série Lost, dos produtores Damon Lindelof e Carlton Cuse, retornou ao catálogo da Netflix, despertando uma onda de nostalgia e curiosidade nos fãs. Afinal, trata-se de uma série pioneira e revolucionária que, entre 2004 e 2010, conquistou milhões de seguidores ao longo de seis temporadas, alimentando inúmeras discussões e teorias sobre os mistérios da trama e seu desfecho. Uma das teorias mais populares entre os aficionados é a de que os sobreviventes estariam, na verdade, mortos e a ilha seria uma espécie de purgatório.
Vamos relembrar a premissa: Lost apresenta um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo, Oceanic 815, que, em 2004, cai em uma ilha aparentemente deserta. Com o tempo, o resgate não chega, e eles precisam se organizar para encontrar comida, água e cuidar dos feridos. A luta pela sobrevivência, porém, não é o único desafio: existem outros habitantes (aparentemente violentos) e até uma espécie de "monstro".
Vamos relembrar a premissa: Lost apresenta um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo, Oceanic 815, que, em 2004, cai em uma ilha aparentemente deserta. Com o tempo, o resgate não chega, e eles precisam se organizar para encontrar comida, água e cuidar dos feridos. A luta pela sobrevivência, porém, não é o único desafio: existem outros habitantes (aparentemente violentos) e até uma espécie de "monstro".
Além disso, logo após a queda, eventos inexplicáveis começam a acontecer: um homem paraplégico volta a andar, uma mulher com câncer terminal é curada, outra que não podia engravidar fica grávida, entre outros mistérios. Assim, a ilha se revela um lugar onde o impossível acontece, fomentando debates sobre a dualidade entre ciência e fé, principalmente entre os personagens centrais, Jack Shepard (Matthew Fox) e John Locke (Terry O' Quinn).
Lost foi um sucesso absoluto, mas também dividiu opiniões com seu final - para a nova geração, a recepção foi semelhante a do desfecho de Game of Thrones. No entanto, há um equívoco de interpretação que contribuiu para a frustração de muitos: a teoria de que os personagens estavam mortos desde o início, supostamente teria sido confirmada no último episódio. Sem desmerecer quem acredita nisso, é importante esclarecer que essa ideia é um completo absurdo. Eles não estavam mortos desde o primeiro episódio. Infelizmente, essa fake news espalhou-se pela internet, influenciando negativamente a percepção de muitos, que acabaram desistindo de assistir a série.
Lost foi um sucesso absoluto, mas também dividiu opiniões com seu final - para a nova geração, a recepção foi semelhante a do desfecho de Game of Thrones. No entanto, há um equívoco de interpretação que contribuiu para a frustração de muitos: a teoria de que os personagens estavam mortos desde o início, supostamente teria sido confirmada no último episódio. Sem desmerecer quem acredita nisso, é importante esclarecer que essa ideia é um completo absurdo. Eles não estavam mortos desde o primeiro episódio. Infelizmente, essa fake news espalhou-se pela internet, influenciando negativamente a percepção de muitos, que acabaram desistindo de assistir a série.
Na minha opinião, isso é um grande desperdício. Em meio à irregularidade de qualidade nas séries lançadas nos últimos anos, Lost permanece como uma obra-prima corajosa, com uma história envolvente, marcada por altas doses de suspense, drama e ficção científica, e com um dos melhores elencos já vistos na televisão. É verdade que algumas pontas ficaram soltas e mistérios não foram esclarecidos, e o próprio final pode parecer controverso (ou não), mas não pelos motivos que muitos apontam.
Então, vamos ao enigmático final de Lost ( que, na verdade, é bem claro) : ao longo das temporadas, a série utilizou frequentemente flashbacks (eventos do passado) e flashforwards (eventos do futuro). Contudo, a última temporada introduziu os sideways (uma espécie de realidade alternativa). Como isso confundiu os fãs?
Na quinta temporada (2009), os personagens viajaram para o passado, em 1977, onde Jack Shepard tenta destruir a escotilha Cisne, uma construção da Iniciativa Dharma, com uma bomba para evitar que o avião caísse em 2004. Devido a uma falha na escotilha, uma grande quantidade de energia eletromagnética foi liberada, derrubando o avião onde Jack e os demais estavam. Porém, ao destruir a escotilha no passado, Jack esperava evitar a queda do avião e os subsequentes eventos. O básico sobre interferência no tempo.
A sexta e última temporada (2010) começa com a destruição da escotilha Cisne, apresentando duas realidades simultâneas ao público. Na primeira, nada havia mudado, e mesmo retornando ao ano de 2007, os sobreviventes continuavam presos na ilha. Porém, entendendo qual é sua verdadeira missão, Shepard precisa enfrentar o grande vilão da trama, o Homem de Preto (que usava o corpo de John Locke) para impedir sua fuga e a suposta destruição do mundo.
A sexta e última temporada (2010) começa com a destruição da escotilha Cisne, apresentando duas realidades simultâneas ao público. Na primeira, nada havia mudado, e mesmo retornando ao ano de 2007, os sobreviventes continuavam presos na ilha. Porém, entendendo qual é sua verdadeira missão, Shepard precisa enfrentar o grande vilão da trama, o Homem de Preto (que usava o corpo de John Locke) para impedir sua fuga e a suposta destruição do mundo.
Na segunda realidade, vemos o avião sobrevoando a ilha submersa, sugerindo que a explosão não só destruiu a escotilha, mas também afundou a ilha, criando uma linha alternativa. Porém, as vidas dos personagens ganharam novas dimensões, como Jack ter um filho e Locke ser professor. Desmond (Henry Ian Cusick), de alguma forma, lembrava-se da vida na ilha e começou a tentar com que os outros também se lembrassem. O que está acontecendo?
No episódio final, enquanto Jack mata o Homem de Preto e salva a ilha da destruição na linha do tempo original, na linha alternativa, os principais sobreviventes estão reunidos em uma igreja. Jack é o último a chegar e encontra seu falecido pai, Christian (John Terry), que revela que todos ali estavam mortos. Isso foi um problema entre os fãs, que passaram a acreditar erroneamente que os personagens estavam mortos desde o início.
No episódio final, enquanto Jack mata o Homem de Preto e salva a ilha da destruição na linha do tempo original, na linha alternativa, os principais sobreviventes estão reunidos em uma igreja. Jack é o último a chegar e encontra seu falecido pai, Christian (John Terry), que revela que todos ali estavam mortos. Isso foi um problema entre os fãs, que passaram a acreditar erroneamente que os personagens estavam mortos desde o início.
Sim, nesta linha, eles estavam mortos, mas não foi o acidente de avião que causou suas desfechos. Tudo o que ocorreu na ilha, do primeiro ao último episódio, foi real e aconteceu em vida. Obviamente, todos aqueles que sobreviveram eventualmente morreram, como qualquer mortal - alguns na ilha, como Jack após enfrentar o Homem de Preto e salvar a ilha, outros muito tempo depois, como Hurley, interpretado por Jorge Garcia, que se tornou o novo protetor da ilha e provavelmente viveu por séculos ou aqueles que conseguiram escapar do local.
Dessa forma, o encontro entre eles ocorreu numa realidade distorcida, sem passado e presente. Como disse o pai de Jack, "aqui e agora não existe". Ou seja, independentemente do tempo de morte, aqueles que compartilharam laços profundos na ilha se reencontraram para uma espécie de despedida antes de seguirem para um plano misterioso. Qual deles? Não precisa explicar, né?
Para isso, eles precisavam se lembrar dos acontecimentos EM VIDA NA ILHA, os mais importantes de suas vidas. Antes, todos levavam vidas sem sentido. A ideia de Lost (perdido) não é que eles estavam perdidos na ilha e, sim, que estavam perdidos na vida. Porém, eles finalmente experimentaram uma gama de sentimentos, entre medo e desespero, mas também felicidade, amor e, principalmente, esperança. Eles tiveram um real sentido na vida.
Para os fãs de ficção científica, como eu, esse final pode parecer controverso por abraçar completamente o lado espiritual. No entanto, se pararmos para pensar, ao longo de toda a série, Lost explorou essa dualidade entre fé e razão, que muitas vezes andam de mãos dadas. O final foi um complemento do que apresentou ao longo de vários episódios e na construção dos personagens.
Independentemente da sensação que o final possa ter causado, é inegável que foi um desfecho emocionante, conduzido com maestria pela direção e acompanhado por uma trilha sonora comovente. E uma coisa é certa: eles não estavam mortos desde o início da história. Tudo foi real.
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