Drácula de Bram Stoker (1992)
por Giovani Zanirati
Drácula de Bram Stoker (1992)
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: James V. Hart
País: Estados Unidos
Nota: 09/10
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: James V. Hart
País: Estados Unidos
Nota: 09/10
Não é surpresa que Drácula, escrito pelo romancista irlandês Bram Stoker em 1897, seja um clássico, servindo como referência para inúmeras produções teatrais e cinematográficas. Embora o livro seja indiscutivelmente notável, foram as adaptações, especialmente as da Universal Pictures com Bela Lugosi, que elevaram a trama e o icônico personagem a um novo patamar. Ao longo das décadas, novas versões foram diversificando a imagem do Conde Drácula.
Nos anos 90, sob a direção de Francis Ford Coppola, conhecido por clássicos como Apocalipse Now (1979) e O Poderoso Chefão (1972), a história ganhou uma nova interpretação. Curiosamente, Coppola envolveu-se com o projeto após a atriz Winona Ryder abandonar O Poderoso Chefão III (1990). Para compensar sua saída, Ryder entregou ao diretor o roteiro de Drácula, escrito por James V. Hart. A princípio, ela não esperava grande reação, mas Coppola abraçou o projeto, pois o livro de Stoker era um de seus favoritos.
A combinação da adaptação de um dos maiores clássicos da literatura com um dos mais renomados cineastas é, sem dúvida, uma fórmula promissora. O elenco virtuoso inclui Ryder como Mina Harker, Keanu Reeves como Jonathan Harker, e, principalmente, Anthony Hopkins como o épico Professor Van Helsing e Gary Oldman como o vampiro Conde Drácula.
Com uma abertura impressionante que apresenta a "origem" do Conde, incluindo a guerra em nome de Deus, o suicídio de Elisabetha (também interpretada por Ryder), a renúncia de Deus e a maldição, o filme oferece um espetáculo visual. No entanto, a transformação do guerreiro em Rei dos Vampiros é apenas o início.
Após 400 anos, o corretor de imóveis Jonathan Harker viaja da Inglaterra até a Transilvânia para negociar com o misterioso Conde Drácula a compra de uma abadia. Ao chegar ao castelo, Harker inicia uma relação conturbada e sinistra com Drácula. Esse arco é, sem dúvida, o ponto alto do filme, com Coppola demonstrando uma incrível fidelidade ao livro.
A atmosfera é tensa, com tons vermelhos dominantes e uma trilha sonora impactante, a presença monstruosa de Oldman como o vampiro é particularmente notável. As próteses e maquiagem pesada contribuem para um visual marcante e aterrorizante, criando uma atmosfera de terror genuíno, com cenas memoráveis, como a de Drácula rastejando pelo castelo como um lagarto ou entregando um bebê às vampiras famintas. Coppola também explora a sensualidade em cenas marcantes que envolvem o personagem de Reeves.
No entanto, a fidelidade ao material original é contrastada com a liberdade artística do roteiro, fazendo com que o filme se desvie da temática do terror para se concentrar em um drama romântico. Diferentemente do livro, Drácula torna-se uma figura mais presente, expondo suas dores e esperanças e fugindo do maniqueísmo de Stoker.
Na Inglaterra, Drácula encontra Mina, a noiva de Harker, que é uma reencarnação de sua amada Elisabetha. Essa adaptação não está no livro e pode causar desconforto para alguns. Entretanto, é louvável a coragem da película em reinventar o personagem, apresentando um Drácula sofisticado e menos estereotipado em comparação com a imagem clássica de Lugosi.
Este Drácula oscila entre gerar terror, especialmente com os ataques a Lucy Westenra (Sadie Frost), e reconquistar seu amor, Mina, enquanto Harker permanece na Inglaterra. Seus planos enfrentam ameaças, como as dúvidas de Mina após seu reencontro com Harker e o contra-ataque de Van Helsing. No entanto, essa ousadia cinematográfica enfrenta desafios, notavelmente uma perda de ritmo a partir da metade do filme.
Apesar de alguns momentos bons, como as transformações de Drácula (em Lobisomen, ratos e monstro), outros aspectos são difíceis de acompanhar, principalmente devido ao elenco. Exceto por Oldman, que é claramente o destaque, o restante deixa a desejar. A interpretação de Anthony Hopkins como Van Helsing é decepcionante. Embora Hopkins fosse uma escolha promissora após seu sucesso como Hannibal Lecter em Silêncio dos Inocentes (1991) , sua performance é caricata, sem profundidade esperada para o personagem criado por Stoker. O Van Helsing de Hopkins é exagerado e quase um fanfarrão, o que pode ser um possível reflexo de seu desejo de evitar comparações com Lecter.
Além disso, Coppola opta por uma abordagem tradicional, evitando efeitos digitais em favor de técnicas de câmera que remetem à era clássica. A combinação de cenários elaborados, filmagens em locação, figurinos, maquiagem e efeitos ópticos visa recontar a história clássica com fidelidade ao material original. Embora Drácula de Bram Stoker não seja um filme perfeito e apresente elementos problemáticos, é inegavelmente um clássico do gênero, adicionando mais um presente de Coppola à sétima arte.
Nos anos 90, sob a direção de Francis Ford Coppola, conhecido por clássicos como Apocalipse Now (1979) e O Poderoso Chefão (1972), a história ganhou uma nova interpretação. Curiosamente, Coppola envolveu-se com o projeto após a atriz Winona Ryder abandonar O Poderoso Chefão III (1990). Para compensar sua saída, Ryder entregou ao diretor o roteiro de Drácula, escrito por James V. Hart. A princípio, ela não esperava grande reação, mas Coppola abraçou o projeto, pois o livro de Stoker era um de seus favoritos.
A combinação da adaptação de um dos maiores clássicos da literatura com um dos mais renomados cineastas é, sem dúvida, uma fórmula promissora. O elenco virtuoso inclui Ryder como Mina Harker, Keanu Reeves como Jonathan Harker, e, principalmente, Anthony Hopkins como o épico Professor Van Helsing e Gary Oldman como o vampiro Conde Drácula.
Com uma abertura impressionante que apresenta a "origem" do Conde, incluindo a guerra em nome de Deus, o suicídio de Elisabetha (também interpretada por Ryder), a renúncia de Deus e a maldição, o filme oferece um espetáculo visual. No entanto, a transformação do guerreiro em Rei dos Vampiros é apenas o início.
Após 400 anos, o corretor de imóveis Jonathan Harker viaja da Inglaterra até a Transilvânia para negociar com o misterioso Conde Drácula a compra de uma abadia. Ao chegar ao castelo, Harker inicia uma relação conturbada e sinistra com Drácula. Esse arco é, sem dúvida, o ponto alto do filme, com Coppola demonstrando uma incrível fidelidade ao livro.
A atmosfera é tensa, com tons vermelhos dominantes e uma trilha sonora impactante, a presença monstruosa de Oldman como o vampiro é particularmente notável. As próteses e maquiagem pesada contribuem para um visual marcante e aterrorizante, criando uma atmosfera de terror genuíno, com cenas memoráveis, como a de Drácula rastejando pelo castelo como um lagarto ou entregando um bebê às vampiras famintas. Coppola também explora a sensualidade em cenas marcantes que envolvem o personagem de Reeves.
No entanto, a fidelidade ao material original é contrastada com a liberdade artística do roteiro, fazendo com que o filme se desvie da temática do terror para se concentrar em um drama romântico. Diferentemente do livro, Drácula torna-se uma figura mais presente, expondo suas dores e esperanças e fugindo do maniqueísmo de Stoker.
Na Inglaterra, Drácula encontra Mina, a noiva de Harker, que é uma reencarnação de sua amada Elisabetha. Essa adaptação não está no livro e pode causar desconforto para alguns. Entretanto, é louvável a coragem da película em reinventar o personagem, apresentando um Drácula sofisticado e menos estereotipado em comparação com a imagem clássica de Lugosi.
Este Drácula oscila entre gerar terror, especialmente com os ataques a Lucy Westenra (Sadie Frost), e reconquistar seu amor, Mina, enquanto Harker permanece na Inglaterra. Seus planos enfrentam ameaças, como as dúvidas de Mina após seu reencontro com Harker e o contra-ataque de Van Helsing. No entanto, essa ousadia cinematográfica enfrenta desafios, notavelmente uma perda de ritmo a partir da metade do filme.
Apesar de alguns momentos bons, como as transformações de Drácula (em Lobisomen, ratos e monstro), outros aspectos são difíceis de acompanhar, principalmente devido ao elenco. Exceto por Oldman, que é claramente o destaque, o restante deixa a desejar. A interpretação de Anthony Hopkins como Van Helsing é decepcionante. Embora Hopkins fosse uma escolha promissora após seu sucesso como Hannibal Lecter em Silêncio dos Inocentes (1991) , sua performance é caricata, sem profundidade esperada para o personagem criado por Stoker. O Van Helsing de Hopkins é exagerado e quase um fanfarrão, o que pode ser um possível reflexo de seu desejo de evitar comparações com Lecter.
Além disso, Coppola opta por uma abordagem tradicional, evitando efeitos digitais em favor de técnicas de câmera que remetem à era clássica. A combinação de cenários elaborados, filmagens em locação, figurinos, maquiagem e efeitos ópticos visa recontar a história clássica com fidelidade ao material original. Embora Drácula de Bram Stoker não seja um filme perfeito e apresente elementos problemáticos, é inegavelmente um clássico do gênero, adicionando mais um presente de Coppola à sétima arte.
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