Batman- A Piada Mortal (2016)

Batman- A Piada Mortal (2016)


por Giovani Zanirati




Batman: A Piada Mortal (2016)
Autor original: Alan Moore
Direção: Sam Liu
Roteiro: Brian Azzarello
País: Estados Unidos
Nota: 7,5/10


"A Piada Mortal", escrita por Alan Moore e ilustrada por Brian Bolland, é amplamente considerada uma das mais icônicas e impactantes edições do universo do Batman, da DC e dos quadrinhos em geral. Nesta trama envolvente, Moore, conhecido também por suas obras-primas como V de Vingança (1982) e Watchmen (1986), explora um confronto psicológico intenso e decisivo entre o Homem-Morcego e seu maior antagonista, o Coringa.

O vilão, famoso por suas inúmeras atrocidades, põe em prática um plano insidioso que sugere que qualquer ser humano, mesmo o mais virtuoso, pode se transformar em um psicopata diante de um dia particularmente ruim. O brilhantismo desta obra é acentuado pela arte impecável de Brian Bolland, e o final da história gerou um debate interminável sobre o desfecho do confronto entre os rivais.

Em 2016, a adaptação cinematográfica da graphic novel foi finalmente lançada, após uma grande expectativa e uma campanha de marketing robusta. Com roteiro de Brian Azzarello e direção de Sam Liu, a animação apresenta as vozes de Mark Hamill (Coringa) e Kevin Conroy (Batman), proporcionando um toque nostálgico e uma qualidade técnica aceitável.

No entanto, o roteiro de Azzarello adota uma abordagem controversa, ao combinar um prelúdio extenso com uma adaptação bastante fiel, quadro a quadro, da obra original. Em essência, a animação resulta em uma experiência que pode ser vista como duas partes distintas.

A primeira seção, amplamente criticada pelos fãs, contextualiza a relação entre Batman e Batgirl/Barbara Gordon, a filha de James Gordon. Durante uma missão contra um grupo de criminosos, surge um interesse romântico entre os dois heróis. Este elo emocional serve para intensificar a dramaticidade dos eventos subsequentes.

Na segunda parte, a adaptação mergulha na narrativa central da obra de Moore, quando o Coringa escapa do Asilo Arkham e inicia seu plano perverso. No entanto, o objetivo maligno do Coringa não é apresentado aleatoriamente. Paralelamente, o filme explora a origem do personagem: um homem desolado, incapaz de prover uma vida digna para sua esposa grávida, acaba se envolvendo com criminosos para invadir uma fábrica onde trabalhou.

Embora a montagem do filme apresente esses eventos de forma razoável, não adiciona elementos novos significativos em relação aos quadrinhos. A adaptação enfrenta críticas de fãs do Homem-Morcego, especialmente em relação a Barbara Gordon. Na HQ, o tratamento sádico que ela sofre é um meio para desenvolver a narrativa de Gordon, sendo posteriormente transformada em Oráculo por Kim Yale e John Ostrander.

No filme, essa perspectiva é mantida, mas o prólogo que apresenta o romance com Batman parece desarticulado e não agradou a muitos espectadores. Com o passar do tempo, o público pode sentir um certo vazio, pois, uma vez que o vilão entra em cena, a personagem de Barbara é abruptamente negligenciada.

Além disso, a adaptação cinematográfica não faz justiça ao épico trabalho de Moore. A construção do drama e do suspense é insatisfatória, especialmente no desfecho. Enquanto na HQ o final oferece uma reflexão sutil sobre a rivalidade entre Batman e o Coringa, o filme deixa claras as intenções do texto por meio das ações do Homem-Morcego, falhando em capturar a complexidade e o impacto da obra original.

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