Drácula (1931)

Drácula (1931)



por Giovani Zanirati





Drácula (1931)
Direção: Tod Browning
Roteiro: Hamilton Deane, John L. Balderston
País: Estados Unidos
Nota: 08/10

Em 1897, o renomado romancista irlandês Bram Stoker escreveu uma das obras literárias mais influentes de todos os tempos, Drácula. Este romance de terror gótico não apenas popularizou, mas também perpetuou as fascinantes histórias sobre vampiros ao longo dos anos. Ao longo das décadas, a narrativa de Stoker inspirou diversas adaptações teatrais e cinematográficas, destacando-se especialmente a versão de 1931, dirigida por Tod Browning para a Universal Pictures, que trouxe à tela uma interpretação memorável do icônico vampiro.
Em 1931, após enfrentar desafios significativos na adaptação da obra, incluindo questões com a família Stoker e restrições financeiras exacerbadas pela crise de 1929, a Universal lançou sua adaptação cinematográfica. Baseada na peça de Hamilton Deane e John L. Balderston, de 1927, esta versão de "Drácula" apresenta certas distinções em relação ao romance original.
A trama segue o advogado Renfield (interpretado por Dwight Frye), que viaja até o castelo do Conde Drácula na Transilvânia para finalizar negócios relacionados a uma propriedade que o conde adquiriu na Inglaterra. Paralelamente ao livro, a atmosfera inicial é tensa e sombria, com o medo local tentando impedir Renfield de alcançar o castelo, e o cocheiro que o acompanha contribuindo para o ambiente gótico e pesado que permeia a narrativa.
No entanto, é Bela Lugosi quem verdadeiramente eleva a obra, tanto em termos narrativos quanto de horror, ao encarnar o papel de Drácula. Apesar de ter interpretado o vampiro em apenas duas ocasiões notáveis - em "Drácula" (1931) e Abbott e Costello Contra Frankenstein (1948) -, Lugosi imortalizou o personagem com suas características distintivas, como a aparência marcante, o sotaque carregado e os maneirismos na atuação.
Curiosamente, Lugosi não era a primeira escolha para o papel de Drácula. Inicialmente, a Universal havia cogitado Lon Chaney, conhecido como "O Homem das Mil Faces" por seus papéis em clássicos como O Fantasma da Ópera (1923) e O Corcunda de Notre Dame (1923). No entanto, Chaney faleceu antes das filmagens, abrindo caminho para Lugosi, que já havia interpretado o papel na mencionada peça teatral.
Na sequência do filme, após hipnotizar Renfield, Drácula viaja para Londres, onde inicia sua perseguição às jovens Lucy (Frances Dade) e Mina (Helen Chandler), até encontrar resistência do incansável Dr. Van Helsing (Edward Van Sloan). Apesar da intensa interpretação de personagens como Van Helsing e Renfield, outros elementos do roteiro, das atuações e da edição não conseguem sustentar o mesmo impacto. Limitações orçamentárias são evidentes na parte técnica, refletidas em cenários simplificados e efeitos visuais modestos, como morcegos suspensos por varas de pesca diante da câmera. As interpretações são ruins, desconsiderando (é claro) os personagens mencionados anteriormente. Infelizmente, o clímax também deixa a desejar.
É importante ressaltar que nem tudo se justifica pela época e limitações orçamentárias, afinal de contas no mesmo ano e com o mesmo estúdio Frankesntein conseguiu ser mais dinâmico e com um final poderoso. É crucial destacar que, embora tenha suas falhas, "Drácula" é uma obra seminal que não pode ser ignorada na história do cinema de terror. Sua influência perdura sendo um marco importante não apenas no gênero, mas também na representação cultural do vampiro nos anos seguintes.

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