Planeta dos Macacos : O Reinado (2024)

Planeta dos Macacos : O Reinado (2024)


por Giovani Zanirati





Planeta dos Macacos: O Reinado (2024)
Direção: Wes Ball
Roteiro: Josh Friedman
País: Estados Unidos
Nota: 8,5/10

"Planeta dos Macacos: O Reinado" se situa três séculos após os eventos da trilogia iniciada em 2011. No desfecho do terceiro filme, "A Guerra" (2017), o venerado líder dos macacos, César (Andy Serkis), parte deste mundo, mas transcende para se tornar uma figura messiânica, deixando para trás um imponente legado.

Assim como tantos líderes políticos e/ou religiosos ao longo da história da humanidade, César e sua herança são interpretados de várias maneiras: alguns seguem seus ideais com devoção, outros os distorcem, e há aqueles que optam pelo caminho do esquecimento. Este é o cerne do filme: os ideais de um líder na construção de uma nova sociedade, predominantemente habitada por macacos inteligentes, enquanto os humanos, ainda em resistência, subsistem em comunidades isoladas.

A trama apresenta esse conflito interpretativo sobre o legado do líder primordial, com destaque para o Clã das Águias, especialmente Noa (Owen Teague), um jovem macaco alheio ao passado, desconhecendo a figura de César e o período de dominação humana.

A simples vida de Noa muda quando seu grupo é atacado violentamente pela tribo de Proximus César (Kevin Durand), um bonobo que idolatrava César, mas seguia um caminho distorcido, considerando os humanos remanescentes como ameaças à espécie. No entanto, o diretor da obra, Wes Ball, concebe Proximus não como um vilão unidimensional, mas como um personagem complexo, distante do estereótipo do antagonista de filme de ação.

Proximus busca acesso a um arsenal de armas e tecnologia humana para avançar a evolução dos macacos e impedir que os humanos ameacem sua sobrevivência. Mae (Freya Allan), uma humana, torna-se a peça-chave para as ambições do antagonista.

Assim, Noa embarca em uma jornada, inicialmente ao lado de Raka (Peter Macon), um macaco versado na política de César e defensor da coexistência entre macacos e humanos, e depois, apesar da desconfiança, ao lado de Mae. Ambos se unem para frustrar os planos de Proximus.

"O Reinado" desenrola uma jornada épica que honra os alicerces do passado. Seu enredo, aparentemente simples, revela uma complexidade sutil, especialmente na trajetória de amadurecimento de Noa, que surge como uma luz de esperança em meio às sombras das ambições de Proximus.

A direção resgata a atmosfera de aventura e adrenalina, enquanto os efeitos visuais proporcionam um espetáculo cinematográfico. Esta saga exemplifica o uso equilibrado de efeitos especiais, combinando habilmente efeitos práticos. O humor, principalmente através de Raka, é sutil e inteligente, integrando-se harmoniosamente à atmosfera do filme.

Contudo, nota-se a ausência de uma abordagem mais densa do subtexto político e social, semelhante àquela presente no clássico de 1968. Além disso, a dinâmica entre Noa e Mae pareceu forçada, talvez devido à inocência do macaco, transmitindo uma sensação de pressa. É importante ressaltar que o jovem macaco tinha pouco conhecimento sobre os humanos e, embora influenciado por Raka, seu vínculo com Mae foi rápido e pouco convincente.

O desfecho abre portas para novas explorações, oferecendo uma reflexão melancólica sobre as relações entre macacos e humanos. O curto, porém, potente diálogo revela que, logo, macacos e humanos seguem caminhos diferentes.

Por fim, a obra consegue manter a nova franquia dos macacos intacta. Poderosa e coesa, apesar de alguns problemas, são quatro filmes ótimos, que se conectam numa bela história de ação, com pinceladas de ficção científica.

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