Obra-prima/ Saga Piccolo Daimaoh - Dragon Ball (mangá)
O ponto alto do mangá. A evolução de Son Goku representa uma metáfora para o crescimento da história.
por Giovani Zanirati.
Dragon Ball- Saga Piccolo Daimaoh (1984)
Roteiro: Akira Toriyama
Arte: Akira Toriyama
Capítulos: 134-165
Nota: 10/10
O mangaká Akira Toriyama dedicou-se ao humor e a aventura para elaborar a estrutura narrativa dos primeiros arcos de Dragon Ball. Porém, no final, ele construiu mais camadas à história e ao personagem principal, Son Goku. Surge, então, a fase que mudou as características e o rumo do mangá e, posteriormente, do anime: Piccolo Daimaoh.
A saga inicia-se simultaneamente ao final do 22.° Torneio de Artes Marciais, onde Tenshinhan derrota Goku. De início um evento emblemático demonstra a representativa da saga: Kuririn é assassinado. Em sequência, a história apresenta o grande vilão Piccolo, que com a ajuda de Pilaf, desperta após um extenso período preso numa panela elétrica- devido à técnica mafuba do Mestre Mutaito, o tutor do Mestre Kame.
Assim como no passado, ele pretende gerar o caos e dominar a terra. Ou seja, Piccolo apresenta-se como o típico vilão de quadrinhos, com ações maléficas e um visual monstruoso para gerar a antipatia do leitor e criar uma relação nítida entre bem x mal.
A presença do vilão muda o clima do mangá. O humor perde espaço para um ambiente tenso e sombrio. O horror e o drama encontram-se presentes devido ao contato mais próximo da morte - numa época que Akira não banalizava essa questão.
As batalhas tornam-se mais violentas e brutais, e o autor consegue moldar essa perspectiva mediante uma bela arte, onde evidenciasse as expressões dos personagens, sem precisar contextualizar através de diálogos.
A saga serve, também, para evoluir Goku. O protagonista, dessa vez, precisa abandonar sua inocência, testar seus limites físicos e morais para enfrentar Piccolo; afinal de contas, a luta serve para garantir a sobrevivência do mundo. Dessa forma, é possível enxergar um Goku maduro e sisudo no campo de batalha - algo que, particularmente, só percebi depois na batalha contra Freeza.
Além disso, a saga reserva espaço para o surgimento de novos personagens, como Kami-Sama, Sr. Popo e Yajirobi (este garante o alivio cômico, muito bem conduzido pelo roteiro). Contudo, devido a evolução de Goku e a força do vilão, os personagens secundários perdem espaço - uma rotina nas fases posteriores.
Por fim, a saga é um marco em Dragon Ball. Demonstrou a capacidade do autor de sair da zona de conforto e começar uma nova era à série. Desde então, os fãs e os patrocinadores incentivaram e/ou o pressionaram a seguir com a obra e, sendo assim, Akira levou Dragon Ball a um patamar que não imaginava e, possivelmente, não desejava.
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