Pânico - a melhor franquia do slasher?
Graças ao sucesso de
filmes como “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), “Halloween, A Noite do
Terror” (1978), “Sexta-Feira 13” (1980) e “A Hora do Pesadelo” (1984), o
slasher tornou-se um sub-gênero popular entre os fãs do terror. Os filmes (normalmente
com orçamento baixo) levantaram uma narrativa, onde um assassino macabro, e
muitas vezes mascarado, utiliza armas brancas para assassinar uma série de
jovens.
Os antagonistas como Leatherface
(O Massacre da Serra Elétrica) Michael Myers (Halloween), Jason (Sexta-Feira
13) e Freedy Krueger (A Hora do Pesadelo) tornaram-se novos monstros do horror.
No filme "A Hora
do Espanto" (1986), Peter Vincent, apresentador de um programa sobre
caçadores de vampiros, disse que as pessoas perderam o interesse em monstros
clássicos e passaram a acompanhar psicopatas perseguidores de babás. Sem dúvidas, uma
relevância ao slasher.
Além disso, as mulheres
começaram a ganhar ainda mais espaço como heroínas dos filmes. Por
consequência, as jovens passaram a serem conhecidas como final girls.
Contudo, o sucesso
difunde um preço: os filmes citados acumularam sequências tenebrosas,
que foram capazes de distorcer as estórias originais. Ademais, diversos
trabalhos foram produzidos com o mesmo conteúdo e, infelizmente, sem a
capacidade de renovar e, assim, fugir da obviedade.
O slasher, portanto, tornou-se saturado.
Mas, felizmente, Wes Craven (“A Hora do
Pesadelo”) mudou a conjutura com Pânico em 1996. O projeto do cineasta em
parceira com o roteirista Kevin Williamson contribuiu significativamente para
repaginar o sub-gênero.
Até o momento em 27
anos de história, Pânico apresenta seis filmes. O primeiro, conforme
mencionado, foi lançado em 1996, com a direção de Wes Craven e o roteiro de
Kevin Williamson. A Dimension Films ficou responsável pera distribuição.
O sucesso de Pânico
No filme, a jovem
Sidney Prescott (Neve Campbell), a final girl de Pânico, passa a ser perseguida
pelo Ghostface (um assassino que utiliza uma fantasia referente a morte) e,
dessa forma, a pequena cidade de Woodsboro torna-se um macabro centro das
atenções.
O filme expõem inúmeras qualidades: o uso da metalinguagem é o autêntico charme de Pânico. Em
numerosas oportunidades é concebível sentir-se nostálgico com as referências aos
clássicos do terror, que ocorrem através dos jogos e as regras de Ghostface. É como assistir os bastidores de um clássico
slasher.
Por falar no vilão, ele
se diferencia dos terríveis assassinos mencionados. Com motivações explícitas
(explicadas no final de cada filme), Ghostface é uma pessoa “normal” (pelo
menos fisicamente) que corre, cai e se machuca. Além disso, consegue conduzir
as cenas de suspense com carisma, contribuindo para um ambiente simultâneo de
tensão e de diversão.
Embora as mortes sejam
violentas e bem elaboradas, o mais interessante é saber quem se esconde atrás
da máscara. Lembrando que, ao longo da franquia, cada filme apresenta um ou
dois assassinos diferentes, o que reforça o mistério do enredo.
As motivações variam:
às vezes, o assassino busca vingança pessoal ou concepções mais complexas como
o desejo pela fama.
Em relação ao protagonismo
feminino, Sidney Prescott contribui significativamente pela relutância da franquia.
O centro das atenções é forte, inteligente, carismática e consegue entregar com
autoridade uma final girl tão poderosa quanto Laurie Strode, de Halloween.
Com o sucesso do
primeiro filme, Pânico recebeu uma sequência em 1997. A própria sequência
tornou-se alvo de debate ao longo da estória, numa condução divertida e sábia. Em
seguimento, a série de terror ganhou mais quatro filmes.
Ocorre, então, outro
mérito fantástico da série: todas as sequências são boas. Os fãs podem discutir
negativamente sobre alguns elementos, mas é difícil negar a veracidade da
presente qualidade. Ao longo dos seis trabalhos, Pânico consegue explorar de
forma contundente críticas sociais sobre a glorificação da violência, a mídia
sensacionalista e o desespero pela fama.
Às vezes decepciona com
a revelação do assassino, porém em outras consegue ser engenhoso.
Até a parte IV, propagandeada em 2011, Prescott foi o propósito do Ghosthface. Na parte V, lançada em 2022, duas novas protagonistas ganharam destaque, as irmãs Sam (Melissa Barrera) e Tara Carpenter (Jenna Ortega); no último filme, Pânico VI (2023), por problemas de contrato, Neve Campbell não consta no elenco. Dessa forma, as irmãs Carpenter assumem o protagonismo.
Os dois últimos, que servem também como um reboot na franquia, são de qualidade ímpar e às duas protagonistas conseguem dominar as cenas com carisma, atratividade e fascinação.
A maior franquia do slasher?
Eis a questão. O
slasher construiu filmes épicos. Porém, os mesmos passaram por situações
constrangedoras. Sequências tenebrosas. Personagens ruins e esquecíveis. Pânico
passa pelo processo inverso. Embora, reconheça que nenhum dos filmes consegue
superar a monstruosidade de “Halloween, A Noite do Terror” (ainda, na minha
concepção, o melhor e maior filme do sub-gênero), Pânico consegue, entre erros
e acertos, surpreender com a capacidade de renovação e qualidade.
Em um contexto geral, a
série apresenta ótimas estórias que mesclam terror, suspense e humor. Consegue
subverter as expectativas com roteiros inteligentes e orgânicos. A direção, mesmo sem Craven, consegue ser muito eficiente em seu processo. Apresenta
excelentes personagens secundários, que evoluem ao longo dos anos. Ótimos
vilões (necessariamente em 1, 4 e 5). Além é, claro, das 3 finals girls, que
conseguem cativar o público.
Pânico não fica no
passado. Não é uma franquia saturada. Muito pelo contrário, ela conseguiu
atingir o auge nos últimos filmes. O cineasta Wes Craven, falecido em 2015,
logrou o mérito de deixar um legado extraordinário à sétima arte, que respeita e cria paralelos para os novos fãs.
Ou seja, Pânico é
a melhor franquia do slasher.
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