IT, A Coisa-A história de horror e amor de Stephen King.
por Giovani Zanirati
IT, A Coisa (1986)
Autor: Stephen King
País: Estados Unidos
Nota: 09/10
"IT, A Coisa" foi publicada no ano de 1986. Um dos mais aclamados trabalhos de Stephen King, autor responsável por inúmeras obras monumentais, tem mais de 1100 páginas e, no Brasil, foi lançado pela Editora Objetiva (selo Sumo das Letras).
De acordo com Stephen J. Spignesi, especialista sobre cultura popular e do próprio King, "IT, A Coisa" é o melhor livro do autor.
A obra conta a história de Derry, uma pequena cidade localizada nos Estados Unidos. Durante séculos, a cidade é atormentada por uma criatura maligna e poderosa, A Coisa ou Pennywise, que a cada 27 anos desperta para alimentar-se da população local e gerar o caos.
No início, um menino chamado Georgie Denbrough estava brincando na rua com seu barquinho de papel. Devido a chuva, o barco caiu dentro de um bueiro. Ao tentar pegar o brinquedo, o garoto deparou-se com um palhaço bizarro, o Pennywise.
O palhaço começa a manipular o garoto com uma conversa sobre parques e doces. E, por fim, mata-o violentamente. É o início de um novo ciclo de horrores em Derry. Bill Denbrough , irmão mais velho de Georgie, em busca de vingança, começa um intenso confronto contra a Coisa. Ele, no entanto, não está sozinho nessa empreitada de alto risco: ele tem ao seu lado o Clube dos Otários.
Dividida em ordem não cronológica, o livro constrói o presente combate entre monstro e Otários durante as décadas de 50 ( quando os Otários são crianças) e de 80 ( quando já adultos, eles precisam retornar a cidade natal).
Uma história de horror e amor.
É importante deixar claro: o livro não é só sobre um monstro ou sobre um simples palhaço assassino. Na verdade, muito antes de acompanhar a história, a imagem que tinha era exatamente essa: um homem fantasiado de palhaço que realizava crimes brutais.
Mas, felizmente, ele é mais complexo do que parece. Além de explorar o universo sobrenatural, constante em outras obras, o autor desenvolve de forma sombria o que tem de pior no ser humano; afinal de contas, a maldade da Coisa pode ser o reflexo dos corações de muitas pessoas.
As ações chocantes realizadas pelos habitantes de Derry cria uma tensa dualidade sobre a natureza humana. A criatura transforma radicalmente o indivíduo ou apenas extrai a maldade já existente?
Creio que a segunda opção é o que autor deseja expor. Por este motivo, o monstro tem tanta facilidade em manipular adultos ou jovens problemáticos.
Além disso, A Coisa é um monstro acertado na narrativa: poderosa, divertida e misteriosa. Ela tem muitos poderes, entre eles manipular a mente da pessoas e assumir diversas formas, que representam o medo das vítimas.
O palhaço é a principal forma da vilã porque, em diversas entrevistas, King relatou como os palhaços representavam a imagem do pavor às pessoas, principalmente às crianças.
Nostalgia
Em contrapartida, o seu grande adversário foi um grupo de crianças, parcialmente inocentes, e o amor que existe entre elas. Esse ponto do livro é, de fato, comovente. É uma sensação nostálgica acompanhar a maneira como King desenvolve essa relação.
Por consequência, arrisco-me a dizer que este livro trata-se, também, de uma história de amor; um amor puro e verdadeiro.
Um amor que constrói uma poderosa amizade entre os membros do Clube dos Otários, formado por sete crianças ( Richie, Bill, Beverly, Eddie, Stan, Ben e Mike). Elas são capazes de enfrentarem os problemas familiares, o bullying, a violência doméstica, as agressões na escola, o primeiro amor frustrado e a própria Coisa.
Ou seja, como não se identificar diante esse cenário? Ler IT é sempre uma experiência que remete as grandes experiências das intensas relações sociais que obtivemos.
"IT, A Coisa" é um livro que consegue transitar com a mesma qualidade do horror para o amor e da violência à comédia. O desenvolvimento de cada jovem é orgânico e rico, onde a unidade e a diversidade ficam explícitas.
Um livro carregado de grandes emoções. E mesmo com o polêmico momento envolvendo as crianças na caverna e a quebra de ritmo constante representa um grande marco na carreira do mestre Stephen King.
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